Um fiscal penal pediu iniciar uma investigação de ofício contra Mercedes Rovira, catedrática da Universidade do Montevidéu (Uruguai), por ter dito que a homossexualidade é uma "anomalia" e que é um critério tomado em conta na hora de designar docentes. em uma carta pública Mercedes Rovira disse que suas declarações foram mal interpretadas e "que não foi adequado falar (da homossexualidade) como anomalia".

Este pedido do fiscal Carlos Negro foi realizado na terça-feira 17 de julho, por isso a juíza Mariana Mota citou Rovira nesta quarta-feira para que se pronuncie na qualidade de indiciada.

Segundo Negro, as palavras da catedrática –que renunciou a assumir a reitoria da universidade–, implicariam um delito de acordo à lei contra o racismo, a xenofobia e a discriminação aprovada em 2010.

Em 12 de julho, o semanário “Búsqueda” (Busca em português) difundiu as declarações da Prof. Rovira, que estava por assumir a reitoria da Universidade de Montevidéu, cuja missão e fins –segundo seu site–, "respondem ao ideal educativo desenvolvido por São Josemaría Escrivá de Balaguer, fundador do Opus Dei", e portanto "sua marca está presente na atividade diária dos que formam parte desta casa de estudos".

Durante a audiência, perguntou-se a Rovira o que aconteceria se um docente da universidade declarasse publicamente que é homossexual.

A catedrática assinalou que na universidade "somos bem claros no que procuramos. O respeito à pessoa não é prejudicado por considerarmos que a verdade é o que propõe a natureza humana. A natureza humana é homens e mulheres, e a diferenciação de sexos da natureza, é biológica e determinante. Que existem anomalias, existem. Também existem trevos de quatro folhas".

Do mesmo modo, diante da pergunta sobre se a homossexualidade é um fator “na hora de designar docentes", Rovira afirmou que "é óbvio que sim”.
“Porque se estamos dizendo que o docente não somente tem que ensinar na sala de aula, mas ser uma referencia. De 100% de nossos professores acaso eu ponho as mãos no fogo por todos eles como modelos de vida? Não, não posso me colocar nas casas de cada um deles".

Isto provocou a ira de grupos gay no Uruguai, que atuando através da organização “Ovelhas Negras” anunciou que denunciaria a catedrática. Entretanto, o grupo desistiu da denúncia logo que Rovira e a universidade publicassem um comunicado em 14 de julho anunciando que ela já não assumiria a reitoria e pedia desculpas pelas declarações.

Finalmente, em uma carta pública Mercedes Rovira disse que suas declarações foram mal interpretadas e que ela nunca utilizou a orientação sexual como fator para escolher um docente e "que não foi adequado falar (da homossexualidade) como anomalia".