A Unesco anunciou que começará em breve a reconstrução da igreja católica siríaca de "Al Tahera", em Mossul (Iraque), destruída em 2017 pelo grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS). O Ministério da Cultura dos Emirados Árabes Unidos se comprometeu em financiar o projeto.

Em 2017, esta igreja, localizada a nordeste do Iraque, foi severamente danificada pelos jihadistas durante a batalha em Mossul, uma cidade que foi retomada pelas forças iraquianas em dezembro desse ano. Muitas partes das arcadas do templo foram destruídas, assim como as paredes externas, informou a Unesco em um comunicado.

A agência das Nações Unidas disse na segunda-feira, 17 de fevereiro, em sua conta no Twitter, que começará a reconstrução de "Al Tahera", pois considera importante "promover a reconciliação e a coesão social nesta comunidade", onde também se professam outras religiões diferentes do islã.

"A reabilitação desta igreja é importante não apenas por seu valor como patrimônio cultural, mas como testemunho da diversidade da cidade, uma orgulhosa convergência de culturas e um refúgio pacífico para diferentes comunidades religiosas ao longo dos séculos", disse a Unesco

As primeiras etapas da reabilitação exigirão a demolição das partes restantes do teto de concreto, a limpeza dos escombros e a remoção de minas explosivas do local. Os empreiteiros locais começaram o trabalho, sob a supervisão de especialistas qualificados, acrescentou.

A igreja, que foi construída em 1859 e aberta aos fiéis em 1862, representa desde então a presença do cristianismo em um país de maioria muçulmana e onde muitos cristãos foram assassinados por causa de sua fé.

Seus múltiplos altares, refeitório e duas salas de sacristia a diferenciam de outras igrejas do mesmo período. Já foi renovada aproximadamente 100 anos após sua construção, informou a Unesco.

"O Ministério da Cultura dos Emirados Árabes Unidos (EAU) prometeu US$ 50,4 milhões (185,1 milhões de dirham dos Emirados Árabes) para financiar o projeto", indicou The National, que também faz parte da iniciativa da Unesco "Revive o Espírito de Mosul”, assinalou a agência da ONU.

Além disso, ofereceu-se para preparar os jovens profissionais que participarão da reconstrução da igreja, para fortalecer as capacidades do talento local que trabalha como artesão (pedreiros, carpinteiros, entalhadores de pedras, ourives, etc.), criar oportunidades de emprego e fornecer educação profissional e técnica.

Segundo a Unesco, estudantes dos departamentos de arqueologia, arquitetura e engenharia da Universidade de Arqueologia de Mossul vão participar da restauração da igreja.

É importante lembrar que, em junho de 2014, o ISIS conquistou Mossul, iniciando assim o êxodo de cristãos e outras minorias religiosas para o Curdistão iraquiano.

Um caso semelhante ao da igreja católica "Al Tahera" é o da grande mesquita de Al Nuri, construída no século XII e localizada no nordeste do Iraque. O templo foi destruído durante uma batalha contra as forças iraquianas. Atualmente, a reconstrução da mesquita já começou, assinalou The National.

Em 2017, o porta-voz do Ministério das Relações Religiosas da região autônoma do Curdistão (Iraque), Mariwan Naqshbandi, assinalou que durante o período em que o Estado Islâmico (ISIS) dominou a planície de Nínive e Mosul, pelo menos 100 locais de culto foram destruídos, sendo a maioria destes templos cristãos.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

Confira também: