O grupo terrorista Estado Islâmico atacou novamente a região de Cabo Delgado, em Moçambique. Pessoas foram decapitadas, sequestradas e casas foram queimadas, disse a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN). Um dos casos mais recentes teria acontecido nos dias 20 e 21 de maio, no distrito de Macomia.

Em declarações à imprensa, o comandante da polícia na província de Cabo Delgado, Vicente Chicote, contou que os ataques aconteceram “entre as aldeias de Quinto Congresso e Nova Zambézia”. Segundo ele, os terroristas “raptaram algumas senhoras e decapitaram três cidadãos, seguindo depois para a zona de Nguia, onde degolaram outras pessoas”. Logo após, disse o comandante, os homens armados “foram para a aldeia de Chicomo, chegaram lá na noite de dia 22, onde trocaram disparos com a força local estacionada lá, conseguiram atear fogo a algumas casas e fugiram”.

Os ataques armados no norte de Moçambique começaram em outubro de 2017 e já provocaram mais de 3 mil mortes e cerca de 800 mil deslocados internos. Segundo ACN, nos últimos anos, os ataques têm sido reivindicados pelo grupo terrorista Estado Islâmico, que “parece estar a reorganizar-se localmente, passando a referir-se a si próprio como ‘Wilayah Moçambique’, ou ‘Província de Moçambique’”.

O comandante Vicente Chicote destacou que o modo de atuação dos terroristas costuma ser invadir as aldeias, queimar as casas, roubar comida e invadir os campos agrícolas. Por vezes, matam e sequestram pessoas.

Missionários que vivem na região confirmaram essas informações à ACN, sob anonimato por ser tratar de uma questão sensível. Padre e freiras disseram que estes ataques tiveram uma expressão maior do que as autoridades pretendem fazer crer. Segundo essas fontes, entre as vítimas há inclusive membros das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique. “Não foram só civis que foram decapitados, mas também militares, mas isso o governo não permite divulgar e por isso nós temos uma dificuldade enorme em obter informações mais precisas”, afirmou um padre.

Os missionários disseram que “não foram só dois ou três ataques, mas sim mais”. Contaram ainda que “a metodologia [usada pelos terroristas] está diferenciada”. “Não são mais grupos grandes, mas grupos menores” e, por isso conseguem se infiltrar.

O bispo de Pemba, dom António Juliasse, que tomou posse no último dia 21, também contou à Fundação ACN que ainda se vive à sombra da violência terrorista, o que significa incerteza face a quaisquer planos para a diocese e para a região. “Em termos do futuro, ainda temos a situação de deslocados e ainda não se sente que estamos isentos do terrorismo no nosso território”, disse o bispo. Dom Juliasse reforçou seu alerta ao “mundo para que não se esqueça de Cabo Delgado”.

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