Um episódio da popular série Black Mirror, transmitida pela Netflix, gerou polêmica entre feministas por assegurar que consumir a pílula do dia seguinte, também conhecida como anticoncepção de emergência, causa o aborto.

No episódio intitulado ‘Arkangel’, uma mãe superprotetora, com ajuda de uma tecnologia que invade a privacidade, descobre que sua filha ficou grávida e, sem que a jovem saiba, coloca em seu café da manhã uma pílula de EC (Emergency Contraceptive, anticoncepcional de emergência).

O mal-estar causado pela pílula leva a jovem à enfermaria de seu centro de estudos. Lá, a enfermeira explica que a anticoncepção de emergência levou a “acabar com sua gravidez”.

O episódio foi dirigido por Jodie Foster, conhecida como uma ativista feminista dentro do ambiente de Hollywood.

Embora o vínculo entre a anticoncepção de emergência e o aborto tenha ocupado apenas alguns poucos segundos no episódio, gerou uma grande polêmica entre feministas, especialmente nas redes sociais.

“Por que demônios achou que era uma boa linha de argumento usar a anticoncepção de emergência para abortar um feto já concebido?”, criticou uma mulher em uma conta do Twitter.

“Bom dia a todos, menos a Black Mirror, por difundir o erro de que a anticoncepção de emergência ‘acaba com uma gravidez’”, publicou outra.

Entretanto, a ciência é clara em que um dos efeitos da pílula do sai seguinte ou anticoncepção de emergência pode causar um aborto.

Ao analisar Plan B, uma das pílulas do dia seguinte mais divulgadas nos Estados Unidos, a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) assinala que, embora esta substância “atue primeiramente evitando a liberação de um óvulo do ovário”, também poderia “evitar a união do espermatozoide com o óvulo”.

Esses dois mecanismos são anticonceptivos, ou seja, atuam antes que uma vida humana se tenha gerado, mas um terceiro efeito é claramente abortivo.

De acordo com a FDA, “se a fecundação ocorre, Plan B poderia evitar que um óvulo fecundado se adira ao útero (implantação)”. Isso é um aborto.

Isso foi reconhecido por diversas autoridades da saúde. Em uma entrevista a RPP no Peru, o ex-vice-presidente do Conselho Executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) e hoje sacerdote, Pablo Augusto Meloni Navarro, assinalou que o terceiro efeito da pílula do dia seguinte “é abortivo”.

Esse efeito, destacou, é reconhecido pelos “próprios comercializantes e os que distribuem esses produtos, ou seja, a parte interessada”.

No mesmo ano, o médico e ex-ministro de Saúde do Peru, Luis Solari, explicou que “este produto modifica a parte interna do útero, para que, quando o bebê concebido chegue ao útero, passe direto, e isso obviamente é aborto, privar do nascimento”.

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