Depois de ser obrigado pelo poder público a tirar do controle de acesso, o santuário basílica Nossa Senhora da Piedade, em Caeté (MG), sofreu atos de vandalismo, e foi palco de manobras arriscadas de motociclistas na Serra da Piedade. O santuário pertence à arquidiocese de Belo Horizonte (MG).

O Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) notificou o santuário de Caeté para a retirada de uma portaria na rodovia AMG-1235, que liga a MG-435 ao alto da Serra da Piedade, onde fica o santuário.

No domingo (5), o santuário informou por meio de suas redes sociais que esta determinação do governo de MG “já traz consequências”. No sábado (4) motociclistas se arriscaram em “manobras radicais” e ciclistas desceram a serra “em alta velocidade”.

Além disso, afirmou que, “sem o bem-sucedido sistema informatizado para o agendamento de visitas, inviabilizado pela decisão de se suspender o controle do fluxo de pessoas, houve períodos com grande concentração de romeiros e turistas”. Por isso, houve engarrafamento na “estreita estrada” no domingo e “carros de passeio e ônibus dividiram espaço com peregrinos, aumentando risco de acidentes e gerando impactos ambientais”.

Segundo o santuário, banheiros também foram depredados. “A situação conturbada gerou raiva em muitas pessoas que hostilizaram os colaboradores do Santuário”, informou.

O santuário de Caeté disse ainda que “promovia o controle do fluxo de peregrinos há muitos anos e, mais recentemente, em razão do deslocamento de rochas no alto da Serra, reduziu drasticamente o fluxo de carros particulares no território. Isto porque estudos comprovaram que as micro trepidações provocadas pelos automóveis geram deslocamentos de rochas”.

“Agora, com a determinação do poder público, a Igreja já não pode mais adotar medidas de gestão do fluxo de pessoas em seu território na Serra da Piedade. Peregrinos, bens ambientais, paisagísticos, históricos e culturais estão em risco”, afirmou o santuário.

Em nota publicada na sexta-feira (3), o DER-MG afirmou que a notificação ao santuário de Caeté foi feita no dia 16 de maio. Disse que “ainda está avaliando tecnicamente a possibilidade de restrição de circulação de veículos no segmento, por razões de segurança viária, a partir do ponto onde se encontra a Estação da Piedade até o final da rodovia”.

Além disso, afirmou que esta medida diz respeito apenas à circulação na via e que a cobrança de 10 reais para “visitação ao Santuário não cabe interferência do Departamento, sendo de inteira responsabilidade da Mitra Arquidiocesana de Belo Horizonte”.

A arquidiocese de Belo Horizonte disse por meio de um comunicado publicado em seu site no sábado (4) que a rodovia em questão “está dentro de um território sob os cuidados da Igreja Católica, contemplando espaços de oração, bens religiosos culturais do século 18 e grande área verde, com muitos animais silvestres. Sem o portão, qualquer pessoa, inclusive aquelas com más intenções, podem circular nesse território, aumentando riscos de atropelamentos, focos de incêndio e acidentes”.

Afirmou ainda que o valor cobrado para o acesso com conjunto arquitetônico do santuário não é um pedágio para se transitar em via pública, mas um “valor de preservação”. “A contribuição é realizada lá no ponto mais alto da Serra – e não na sua portaria”, disse, ressaltando que pessoas que vão à serra para outra finalidade “não precisam contribuir com o valor de preservação”.

Segundo a arquidiocese, o valor de preservação é usado para manter “a equipe de colaboradores que hoje zela por todo o território da Serra da Piedade sob os cuidados da Igreja”. Mesmo com a retirada do portão, esse valor “continuará a ser solicitado dos turistas e peregrinos que frequentam o ponto mais alto da Serra”.

“Mas sem o portão, todo o conjunto natural, paisagístico, histórico, cultural e religioso ficará mais exposto à ação de vândalos e a certas ocorrências evitáveis – acidentes de trânsito, incêndios criminosos, consumo de drogas, dentre outras situações inibidas pela simples identificação dos que sobem e descem a Serra da Piedade. Não haverá mais identificação dos que sobem e descem a Serra da Piedade”, concluiu a arquidiocese.

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