O Vaticano publicou na manhã de hoje uma carta apostólica em forma de motu proprio com a qual o Papa Francisco reduziu por tempo indeterminado os salários dos cardeais em 10%, dos chefes de dicastérios e secretários em 8%, e de todos os sacerdotes, religiosos e religiosas em serviço junto à Santa Sé em 3%. A medida visa conter despesas sem causar rescisões de contratos com a Sé Apostólica que conta com aproximadamente 3.000 funcionários.

A informação, também divulgada pelo portal Vaticannews, cita como principal motivo a crise e queda de doações geradas pela pandemia de Covid-19 e confirma o que disse anteriormente o Prefeito para a Secretaria de Economia da Santa Sé, Pe. Antonio Guerrero, que afirmou que não haveria rescisões de contrato nem funcionários sem receber salário.

As disposições também se aplicam ao Vicariato de Roma, aos Cabidos das Basílicas Papais Vaticana, de Latrão e Liberiana, à Fábrica de São Pedro e à Basílica de São Paulo Fora dos Muros.

O Papa não quer demitir, mas as despesas devem ser contidas e por isso decidiu intervir "segundo critérios de proporcionalidade e progressividade" com ajustes que dizem respeito especialmente aos clérigos, aos religiosos e aos níveis mais altos. O objetivo da iniciativa é colaborar com outras para um futuro economicamente sustentável para a missão dos organismos da Igreja. As reduções descritas acima não se aplicarão em casos excepcionais relacionadas a despesas com a saúde”.

“O congelamento dos incrementos bianuais entre 1º de abril de 2021 e 31 de março de 2023 afetará todo o pessoal em serviço junto à Santa Sé e ao Governatorato e outras instituições anexas - portanto, também os superiores mencionados precedentemente”, explica o portal de notícias do Vaticano.

No caso dos funcionários leigos, a maioria dos quais sustentam suas famílias com seus salários, esse congelamento só afetará os do quarto nível para cima e, portanto, não afetará os salários mais baixos.

Assim, “A Secretaria da Economia, de comum acordo com o Governo do Estado da Cidade do Vaticano e após consulta ao Fundo de Pensões, ao Fundo de Assistência à Saúde e a outros órgãos interessados, adoptará as medidas para a implementação deste Decreto”.

O texto vem publicado com a assinatura do Papa foi divulgado também na edição do "L'Osservatore Romano" de 24 de março de 2021.

Quanto ganham os bispos, arcebispos e cardeais que trabalham no Vaticano?

O site italiano especializado em finanças Quifinanza.it, afirma que os salários dos clérigos na Itália, pode variar de acordo com as funções. O mesmo vale para os soldos no Vaticano, que é um estado independente e tem cardeais provenientes de vários países.

No caso dos bispos italianos, “há um limite máximo que não pode ser ultrapassado” e “está fixado em cerca de 3 mil euros”.

“Mais acima estão os arcebispos, chefes de departamentos ou conselhos pontifícios. Para eles, o limiar aumenta significativamente, atingindo salários que variam entre os 3 mil e os 5 mil euros”.

“Em média, todos os cardeais ganham também 5 mil euros”, afirma o site.

É o mesmo que diz na sua edição de hoje o jornal italiano Il Messagero, que afirma que um cardeal na cúria romana ganha entre 4 e 5 mil euros.

Vale recordar que na Itália não existe um piso salarial mínimo, e sim uma espécie de salário médio, que atualmente é de cerca de 1500 euros mensais.

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