Reunidos em Assembleia Plenária de 13 a 16 de novembro, em Fátima, os Bispos portugueses debatem questões relacionadas à natureza, à vida e aos pobres, tendo em vista uma “ecologia integral”, conforme indicou o Papa Francisco na encíclica Laudato Si.

“Respeitar a natureza, proteger a vida e atender aos pobres são atitudes conexas ‘de uma ecologia integral, que inclua claramente as dimensões humanas e sociais’”, assinalou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Dom Manuel Clemente durante o discurso de abertura da Assembleia.

Em seu pronunciamento, o também Cardeal-patriarca de Lisboa recordou os vários casos de incêndios que afetaram Portugal nos últimos meses, somados à seca no país.

Segundo ele, diante dessas “graves e gravosas circunstâncias”, “com tantas perdas de vidas e danos materiais de toda a ordem, temos de rever profundamente a nossa relação com o meio ambiente, no sentido daquela ‘ecologia integral’ a que o Papa Francisco dedicou a encíclica Laudato si’, de imprescindível recepção teórica e prática”.

“É tempo de nos sentirmos parte consciente e responsável de uma criação que há de ser tomada como um todo e assim mesmo respeitada nos seus ritmos e sinais”, acrescentou.

Dom Clemente recordou a nota pastoral da CEP, de 27 de abril, que afirma ser “fundamental que todos olhemos a natureza não como uma simples fonte de utilidade e rendimento econômico”.

Em seguida, falou sobre a “proteção da vida humana, no seu arco inteiro desde a concepção à morte natural” e saudou todos aqueles que “dão o seu melhor para defender e promover a vida e todas as suas fases”.

O presidente da CEP citou a nota pastoral sobre a eutanásia, de 8 de março de 2016, segundo a qual, “o valor intrínseco da vida humana em todas as suas fases e em todas as suas situações está profundamente enraizado na nossa cultura e tem, inegavelmente, a marca judaico-cristã”.

“Mas não é difícil encontrar na razão universal uma sólida base para este princípio. A Constituição da República Portuguesa reconhece-o ao afirmar categoricamente que ‘a vida humana é inviolável’”, completa a mesma nota.

Para Dom Clemente, “esta nota pastoral deverá ser tomada na reflexão interna e externa das nossas comunidades”.

Quanto à atenção aos pobres, o Cardeal-patriarca convidou a acolher “ativamente, nas nossas comunidades e na sociedade em geral, a Mensagem que o Papa Francisco nos dirige para o próximo Domingo 19 do corrente mês de novembro, I Dia Mundial dos Pobres”.

Este Dia, segundo o Pontífice explicou em sua mensagem, “pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro”, além de ser um convite a todos “para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade”.

Em seu discurso, Dom Clemente assinalou que “qualquer desses pontos, sobre a natureza e a vida, sobre os pobres e o seu lugar prioritário no Evangelho e na evangelização, deve ser parte integrante e reforçada nas nossas catequeses, doutrinas e práticas”.

“O mundo de hoje, físico, humano ou social, requer-nos na frente ativa e criativa de uma ecologia verdadeiramente integral”, completou.

Durante a Assembleia da CEP, também serão abordadas questões relacionadas à formação nos seminários, à orientação relativa à preparação para o matrimônio e ao Sínodo dos Bispos sobre os jovens.

A Assembleia será encerrada no dia 16 de novembro, em Lisboa, com a inauguração das novas instalações da Conferência Episcopal Portuguesa.

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