A junta diretiva da Conferência Cubana de Religiosos e Religiosas (CONCUR) se declarou indignada com as perseguições e ameaças feitas pelo governo cubano à irmã Nadieska Almeida Miguel, superiora das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, quando caminhava pelas ruas de Havana em 15 de novembro.

“Ontem queriam proibir a irmã Nadieska Almeida, superiora das Filhas da Caridade, de sair de casa. Um grupo de ‘civis’ e um representante do Partido Comunista se aproximaram dela, ameaçando-a sem explicação. Ela protestou e saiu para caminhar, embora ‘vigiada’ por eles”, denunciou a CONCUR na noite de 16 de novembro.

“Tornamos pública nossa indignação com este e com outros abusos, nosso apoio a ela e a todas as pessoas que sofreram diferentes agressões. Acreditamos firmemente que ferindo uns aos outros não poderemos construir o futuro que todos desejamos, a pátria que é a casa comum de todos os cubanos”, continuou o grupo de religiosos.

Na segunda-feira, 15 de novembro, haveria a "Marcha Cívica pela Mudança", que buscava repetir as marchas de 11 de julho, maior manifestaçao de protesto contra o regime comunista cubano desde que ele se instalou na ilha há 62 anos. No entanto, segundo diversos meios de comunicação cubanos independentes, todas as cidades foram ocupadas por membros da Polícia, do Ministério do Interior e das Brigadas de Resposta Rápida, forças paramilitares, para impedir que os cidadãos saíssem de suas casas.

Os religiosos e religiosas cubanos também denunciaram “como um ato humilhante e uma violação dos direitos humanos, o retorno dos atos de repúdio e o assédio sistemático contra as pessoas que manifestam qualquer crítica ao governo”.

“Conhecemos e apreciamos a trajetória da irmã Nadieska e o serviço que as Filhas da Caridade têm oferecido por mais de um século e meio aos mais necessitados neste país. Rezemos ao Senhor, nesta festa de São Cristóvão, padroeiro de Havana”, concluíram.

O escritor cubano Abraham Jiménez Enoa, que mora no bairro Vedado, em Havana, escreveu em 16 de novembro no jornal americano The Washington Post que "o terror neutralizou os protestos em Cuba, mas a luta não acabou".

“O regime colocou alguns cubanos ainda não quantificados e eu em prisão domiciliar para que não participemos dos protestos pacíficos convocados”, denunciou.

Além do caso de irmã Nadieska Almeida Miguel, outros membros da Igreja Católica sofreram perseguições desde segunda-feira, 15 de novembro.

No dia 16 de novembro, o padre Rolando Montes de Oca, da arquidiocese de Camagüey, denunciou que foi seguido por um carro cinza a caminho da casa paroquial localizada no município de Vertientes.

A organização "Areópago cubano: Pensamento Social de Inspiração Cristã" informou em sua conta no Facebook que o padre Montes, "desde ontem, tem um guarda operacional vigiando sua casa e este carro pegou na manhã de hoje os guardas que o vigiavam na esquina da sua casa e o seguiu em muitas voltas sem sentido que o padre deu para confirmar que o seguiam”.

O padre Alberto Reyes, da mesma arquidiocese, foi vítima de um ato de repúdio por simpatizantes do regime ditatorial em frente à cúria de Camagüey no dia 15 de novembro. Antes ele havia sido ameaçado de ir para a cadeia se saísse para se manifestar pacificamente.

Em 15 de novembro, o padre jesuíta Eduardo Llorens, membro do clero da arquidiocese de Havana, disse que as autoridades cubanas também haviam ameaçado o padre Kenny Fernández, pároco de Madruga, em Havana; e o padre Castor Álvarez, que já havia sido preso durante as manifestações de julho.

Segundo o Centro de Denúncias da Fundação para a Democracia Pan-Americana (FDP), uma área desta ONG com sede na Flórida, encarregada de tornar visíveis os casos de abusos e perseguições em Cuba, desde 15 de novembro há 98 presos e 131 pessoas vigiadas em várias cidades da ilha.

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