A notícia da compra do Twitter por Elon Musk suscitou uma série de pronunciamentos a favor e contra. Mas, o que isso significa para a liberdade de religião e de expressão dos católicos? Três padres se pronunciaram sobre o assunto.

Juan Manuel Góngora, padre espanhol que tem mais de 48 mil seguidores no Twitter e que em algum momento sofreu censura nesta rede social, diz que "a princípio é uma boa notícia, já que Elon Musk se definiu claramente contra a ideologia opressora da cultura woke e sua reação à notícia vai unida à defesa da liberdade de expressão".

A palavra woke, que pode ser traduzida do inglês para o português como "acordado", começou a ser usada nos Estados Unidos como uma referência à consciência sobre o racismo. Com o tempo, ela se espalhou para outros campos como a desigualdade social a partir da perspectiva da esquerda, a ideologia de gênero, o lobby LGBT e o feminismo radical.

Padre Góngora disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que embora a compra do Twitter por Musk possa ser uma boa notícia, "temos que lembrar que o criador de Tesla e SpaceX é também o criador de Neuralink, uma empresa que faz pesquisas com um caráter marcadamente transumanista, que tem muitas deficiências bioéticas".

"No geral, temos que esperar para ver como as coisas vão acontecendo", concluiu.

Musk é dono da empresa de carros Tesla e de SpaceX, com a qual planeja viagens à lua e eventualmente a Marte. Neuralink se define como uma empresa que está "criando o futuro das interfaces cerebrais: construindo dispositivos agora que ajudarão as pessoas com paralisia e inventando novas tecnologias que expandirão nossas habilidades, nossa comunidade e nosso mundo".

Outro dos projetos de Musk, com a empresa Tesla, envolve a construção de robôs sexuais em forma de catgirls, personagens femininas de mangá ou anime que têm elementos felinos como orelhas ou rabos. Ele falou recentemente sobre o tema, depois de uma pesquisa que fez no Twitter para saber se a Tesla deve ou não construir estes robôs, com mais de 80% dos usuários respondendo afirmativamente.

"Eu acho que a Verdade brilha por si só e não depende da mídia. Se o Twitter melhorar a liberdade de expressão agora será mais usado; se não, continuará em queda livre e aqueles que querem buscar a Verdade saberão onde encontrá-la", disse o padre espanhol Antonio María Domenech Guillén.

"O importante é que há só uma: Cristo", destacou. Para o sacerdote, “nem os meios de comunicação, nem as dioceses, nem mesmo as paróquias, podem estar acima da busca de Cristo".

O padre Domenech afirmou à ACI Prensa que "Tomás de Kempis diz: dê lugar a Cristo e nega a entrada a todos os outros". "Aquele que não coloca Jesus em primeiro lugar, por mais importante que seja, ou por mais dinheiro que tenha, fracassa", destacou o padre.

Frei Nelson Medina, um padre dominicano colombiano conhecido por seu apostolado nas redes sociais, disse à ACI Prensa que, "da forma como as coisas estão, dependemos da escala de valores e das crenças mais fortes de Elon Musk para determinar ou especular sobre o futuro do Twitter".

"Muitos acreditam que sua mentalidade prática e sua convicção democrática vão favorecer o Twitter. O fato de evitar ao máximo o uso da censura pode ser visto como um sinal de esperança, mas obviamente teremos que aprender mais sobre suas ideias e suas convicções e teremos que esperar algum tempo para ver qual é a nova situação, a nova atmosfera nesta rede social", disse o padre.

"É preciso tempo e observação apurada para chegar a novas conclusões", afirmou.

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