A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) emitiu uma nota na segunda-feira, 14 de janeiro, na qual alerta sobre os riscos da legalização da maconha (canábis) para fins recreativos e faz um apelo “ao bom senso e à responsabilidade política”.

Conforme assinala a associação, na próxima quinta-feira, 17 de janeiro, será debatido no Parlamento português projeto de lei do Bloco de Esquerda, que propõe a “legalização da canábis para fins recreativos”.

Entretanto, os médicos católicos alertam que “qualquer iniciativa política no sentido de legalizar a canábis para fins recreativos, não será uma medida eficaz para reduzir o seu consumo; pelo contrário, irá seguramente levar a um aumento do número de pessoas que consumem esta droga”.

“O Estado tem que manter uma linha de coerência política. A lei também tem uma função pedagógica, pelo que a legalização da canábis daria um sinal contraditório à sociedade, contribuindo para que muitos jovens e adolescentes desvalorizassem os riscos associados ao consumo desta droga, acabando por tornar o próprio Estado cúmplice em relação a esses danos e perigos”, sentenciam.

Nesse sentido, a nota recorda que “vários os estudos, de diferentes áreas médicas” comprovam que o uso desta droga “encontra-se associado a alterações estruturais e funcionais no sistema nervoso central, com consequências nefastas para a saúde psíquica, e com riscos aumentados em casos de consumo prolongado ou desde idade precoce”.

A Associação sublinha ainda que “não há drogas boas, já que todas elas têm riscos para a saúde, contrariando a ideia errada, principalmente junto dos mais jovens, de que o seu consumo não causa dano”.

Por isso, acrescenta, “não se justifica que venha a ser aprovada legislação, no sentido do uso de qualquer droga para fins recreativos, pois o mais importante para a saúde pública é que esse consumo seja evitado”.

Os médicos católicos também afirmam acreditar “que os responsáveis políticos não estão interessados em ficarem associados a uma resolução que daria um sinal de fragilidade e de resignação, como se devêssemos deixar de lutar por uma sociedade livre de drogas”.

Para a AMPC, “cabe às instituições públicas implementar políticas, com base em conhecimentos científicos, e não em inspiradas em ideologias, que defendam e promovam a saúde, o bem-estar físico e mental dos seus cidadãos”.

“Enquanto associação católica, a AMCP entende ainda que, para além das óbvias questões médicas, é importante reiterar mais do que nunca o alerta do Papa Francisco, de que ‘a droga é um mal e ante o mal não se pode ceder nem ter compromissos’”, conclui a nota.

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