A Polícia Federal (PF) enviou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) um pedido de prisão preventiva contra o padre Robson de Oliveira, ex-reitor do Santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO). O sacerdote redentorista era investigado por suspeitas de lavagem de dinheiro de doações, mas a apuração foi suspensa por decisão judicial. Segundo ‘Metrópoles’, a motivação para o pedido de prisão seria um áudio anexado ao processo que indicaria compra de sentença favorável ao padre na Justiça de Goiás.

O pedido de prisão preventiva foi feito na quarta-feira, 17 de novembro, e o caso está sob responsabilidade do ministro-relator Benedito Gonçalves. Ao ‘Metrópoles’, o advogado do sacerdote, Cleber Lopes, disse que a solicitação da PF “não tem base jurídica nenhuma”. “Encontraram diálogos que suspostamente foram aprendidos na Operação Vendilhões. Segundo eles, revela a corrupção no TJGO [Tribunal de Justiça de Goiás]. Tem diálogo do advogado que fala com fulano que sugere pagamento de vantagem no tribunal. Diálogo de advogado em processo cível, no caso da fazenda. Pegaram o diálogo e apontaram crime de corrupção”, disse.

O STJ afirmou em nota ao ‘g1’ que "não divulga informações sobre ações originárias em segredo de justiça, as quais estão sob o comando dos respectivos relatores, sob pena de prejuízo ao andamento das investigações".

A Operação Vendilhões foi deflagrada contra padre Robson de Oliveira em agosto de 2020. O sacerdote foi acusado de organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro doado por fiéis à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), da qual era fundador e presidente. Segundo o Ministério Público, o prejuízo da associação chegaria a mais de R$ 100 milhões.

Durante o trabalho do Ministério Público, foram apreendidos áudios do celular do padre. Entre esses, havia a gravação de converso entre padre Robson e advogados sobre suposto pagamento de propina no valor de R$ 1,5 milhão a desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás, para favorecê-lo em um processo sobre uma fazenda comprada pela Afipe.

Após recursos, o caso foi parar no Supremo Tribunal de Justiça e, em maio deste ano, a corte confirmou decisão anterior do Tribunal de Justiça de Goiás, mantendo arquivada a ação contra o padre. Na ocasião, o ministro Olindo Menezes considerou que as provas usadas pelo Ministério Público durante a operação foram compartilhadas de maneira ilegal de outra apuração.

Depois das primeiras denúncias, em agosto de 2020, padre Robson de Oliveira, que até então era reitor do Santuário do Divino Pai Eterno e presidente da Afipe, se afastou das duas funções. Desde então, o sacerdote se encontra temporariamente afastado do uso de ordens por decreto do arcebispo metropolitano de Goiânia (GO), dom Washington Cruz. A Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas) também o proibiu temporariamente de celebrar os sacramentos e de realizar programas de rádio, TV ou internet, com a intenção de tentar proteger a boa reputação da Igreja, do próprio padre e evitar escândalos.

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