Um sacerdote mexicano está decidido a continuar cuidando dos fiéis doentes, inclusive nos hospitais, mesmo correndo o risco de ficar doente, pois "para isso nos ordenamos" e "temos que ser outro Cristo no mundo".

Em diálogo com ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, Pe. Juan José Cedeño, pároco da paróquia da Coroação de Nossa Senhora de Guadalupe, no bairro de Condesa, na Cidade do México, explicou que tomou esta decisão “compreendendo toda a dor e sofrimento que estamos experimentando a nível mundial e também no México”.

“Hoje precisamos de sinais de esperança, sinais de luz, de amor, de que Deus está comigo apesar da dor e do sofrimento. Por isso, ousei sair um pouco mais quando me pedem, me solicitam e vou aos hospitais para ungir”.

Segundo a universidade norte-americana especializada em medicina Johns Hopkins, em 22 de abril, foram confirmados em todo o mundo 2.594.724 casos de coronavírus COVID-19, totalizando 179.778 mortes.

O Governo do México informou, em 20 de abril, que no país "havia 8.772 casos e 712 mortes”.

Hugo López-Gatell, subsecretário de Prevenção e Promoção da Saúde do México, anunciou em 21 de abril que o México entrou na "fase de rápida ascensão" da pandemia de coronavírus COVID-19, conhecida no país como fase 3.

Pe. Cedeño garantiu que, ao ajudar os doentes, “procuro me cuidar com o que nos pedem, sempre que chego ao hospital nos indicam que devemos lavar as mãos, usar a máscara que já uso, colocar a bata e as luvas”.

"Sim, com medo, mas confio a Deus: Senhor, se for para a sua glória, cuida de mim, que eu cuido das pessoas que você está colocando na minha frente", disse.

O presbítero, que também celebra Missas de corpo presente para os falecidos, disse que quando o sacerdote visita os doentes e suas famílias "as pessoas ficam cheias de esperança".

“Há dor na família, há dor nas pessoas, e chega o Padre e celebra para eles. São sinais de muita esperança, de agradecimento. E as pessoas ficam dizendo ‘Deus está conosco, Deus nos visitou’”.

Pe. Cedeño enfatizou que este trabalho sacerdotal “faz parte da nossa vida”, uma vez que “o próprio Jesus se arriscou. Nosso Senhor Jesus Cristo deu tudo pelo seu povo”.

Além disso, destacou o exemplo de “quantos santos, santas, quantos missionários, religiosos, religiosas, continuam dando suas vidas para servir os pobres e os doentes. Penso em todas as freiras e sacerdotes que morreram nas casas de Aids, onde há leprosos, que podem se contagiar facilmente e, apesar disso, continuam prestando o serviço”.

"E nesses momentos de pandemia, de dor, de sofrimento, precisamos de luz, esperança, que Deus esteja lá e que as pessoas sintam Deus próximo a elas", assegurou.

Para o Pe. Cedeño, o importante para ter coragem diante do medo é confiar em Jesus. “Lembro-me da passagem da barca. Jesus vinha dormindo na barca e os discípulos cheios de medo, porque a barca estava afundando, porque havia muito vento, ondas, e eles acordam Jesus. Jesus acalma, mas há uma censura com o coração de Jesus aos seus discípulos, dizendo: 'Por que este medo, gente de pouca fé?'”.

"Acho que estamos na mesma passagem. Obviamente, há medo, mas é preciso aprender a confiar. E, além disso, faz parte do nosso serviço, para isso nos ordenados e temos que ser outro Cristo no mundo, ainda mais nesses momentos de desespero, desolação, tristeza".

Embora o sacerdote mexicano ainda não tenha levado os sacramentos a um doente de coronavírus, não se recusa a fazê-lo quando chegar a hora. "Se as autoridades médicas me permitirem, colocarei minha bata,colocarei  minha máscara, colocarei minhas luvas e com muito amor e carinho iria ungir uma pessoa infectada com coronavírus”, assinalou.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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