Durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 20 de outubro, na aula Paulo VI do Vaticano, o papa Francisco recebeu inesperadamente a saudação de uma criança com quem conversou e a convidou para se sentar a seu lado.

Quando o papa iniciou sua catequese em italiano, ele espontaneamente retomou o episódio e observou “lembrei-me do que Jesus disse sobre a espontaneidade e a liberdade das crianças, quando este menino teve a liberdade de se aproximar e se mover como se estivesse em casa... E Jesus nos diz: ‘Se vocês não se tornarem como crianças, vocês não entrarão no Reino do Céu’".

Francisco encorajou a ter “a coragem de aproximar-se do Senhor, de estar aberto ao Senhor, de não ter medo do Senhor”.

“Agradeço a este menino pela lição que nos deu a todos. Que o Senhor o ajude em sua limitação, em seu crescimento, porque ele deu este testemunho que veio de seu coração. As crianças não têm um tradutor automático do coração para a vida: o coração continua”.

A Santa Sé não divulgou o nome menino. Sabe-se apenas que ele é italiano e tem dez anos.

O episódio ocorreu no início da Audiência Geral antes da catequese, enquanto alguns colaboradores do papa liam em diferentes línguas um trecho da Carta de São Paulo aos Gálatas sobre o amor ao próximo.

O menino subiu os degraus e foi diretamente cumprimentar o papa enquanto era lida a passagem em alemão.

O papa e a criança se cumprimentaram e Francisco, sorrindo, convidou-o a sentar-se ao seu lado.

O colaborador da Prefeitura da Casa Pontifícia, monsenhor Leonardo Sapienza, levantou-se e cedeu o seu lugar ao menino que se sentou, enquanto os fiéis aplaudiam, e o pequeno também aplaudiu.

Depois, o leitor da língua espanhola se aproximou sorrindo e pronunciou o trecho da Bíblia, enquanto o pequeno se levantava de novo, ia até o papa, segurava seus braços e pulava na frente dele.

Pouco depois, o menino começou a apontar para o solidéu do papa.

Quando chegou a vez do leitor de língua portuguesa, o pequeno aproximou-se dele, tomou-o pela mão e conduziu-o até ao papa, as pessoas presentes aplaudiram novamente, e o pequeno voltou a apontar para o solidéu do papa.

Por fim, o menino recebeu um solidéu branco que colocou na cabeça e voltou a se sentar em seu lugar com seus familiares.

Em seguida, Francisco continuou com sua catequese preparada sobre a liberdade da fé com base na Carta de São Paulo aos Gálatas e afirmou que a verdadeira liberdade "é plenamente expressa na caridade".

“Mais uma vez encontramo-nos perante o paradoxo do Evangelho: somos livres para servir, não para fazer o que queremos. Somos livres quando servimos, e é disto que vem a liberdade; encontramo-nos plenamente na medida em que nos doamos. Encontramo-nos plenamente na medida em que nos doamos, em que temos a coragem de nos doar; possuímos a vida se a perdermos. Isto é Evangelho puro!”, alertou.

Por isso, o papa destacou que “Não há liberdade sem amor. A liberdade egoísta do fazer o que quero não é liberdade, pois volta a si mesma, não é fecunda”.

Segundo o papa, para São Paulo “liberdade não é ‘fazer o que apetece’. Este tipo de liberdade, sem finalidades nem referências, seria uma liberdade vazia, uma liberdade de circo: não funciona. E com efeito deixa um vazio interior”.

“A verdadeira liberdade liberta-nos sempre; ao contrário, quando buscamos a liberdade do “aquilo de que gosto e não gosto”, no final permanecemos vazios... se a liberdade não estiver ao serviço do bem, corre o risco de ser estéril e de não dar frutos. Se a liberdade não está a serviço do bem, não dá fruto”, disse o papa.

Por fim, Francisco convidou neste momento histórico a “redescobrir a dimensão comunitária, não individualista, da liberdade: a pandemia ensinou-nos que precisamos uns dos outros, mas não é suficiente sabê-lo, devemos escolhê-lo concretamente todos os dias, decidir empreender aquele caminho. Digamos e acreditemos que os outros não são um obstáculo para a minha liberdade, mas constituem a possibilidade de a realizar plenamente. Pois a nossa liberdade nasce do amor de Deus e cresce na caridade”.

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