O papa Francisco anunciou aos bispos italianos que em breve nomeará o substituto do cardeal Robert Sarah como prefeito da Congregação para o Culto Divino, apurou Catholic News Agency, agência em inglês do grupo ACI. Francisco encontrou-se a portas fechadas com os bispos italianos para inaugurar a 74ª assembleia geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI). Depois do discurso de abertura houve uma sessão de perguntas e respostas com os bispos durante a qual o papa falou de algumas de suas próximas decisões e mencionou explicitamente a nomeação de um novo prefeito para a congregação criada pelo papa São João Paulo II em 2 de junho de 1988 para cuidar de todas as questões litúrgicas e dos sacramentos.

O cargo do guineense Robert Sarah está vago desde que o papa aceitou sua renúncia no último 20 de fevereiro, por ter atingido o limite de idade de 75 anos, conforme indicado pelo Código de Direito Canônico. O prelado chegou à idade da aposentadoria no dia 15 junho de 2020 e foi mantido no cargo por cerca de 8 meses antes de ter sua renúncia acolhida pelo Pontífice. Ele ficou à frente da congregação por quase cinco anos. “Hoje o Papa aceitou a minha renúncia ao cargo de prefeito da Congregação para o Culto Divino após o meu 75º aniversário. Estou nas mãos de Deus. A única rocha, é Cristo. Brevemente nos encontraremos em Roma e noutros lugares”, escreveu o cardeal na ocasião.

O cardeal Sarah tem grande prestígio em setores católicos mais conservadores, mas ele mesmo rechaçou o termo. "Não acredito que a luta entre progressistas e conservadores tenha qualquer significado na Igreja. Essas categorias são políticas e ideológicas", disse. "A Igreja não é um campo de luta política".

Especulam-se três nomes para substituir Sarah. O primeiro é o Bispo Claudio Maniago de Castellaneta, que supervisionou a nova tradução do Missal pela Conferência Episcopal Italiana, que modificou o texto do Pai-Nosso e do Glória e é o atual presidente da comissão litúrgica dos bispos italianos. O segundo é o Bispo Vittorio Francesco Viola, OFM, de Tortona, ex-presidente da Cáritas de Assis, que o Papa Francisco conheceu em sua viagem à cidade de São Francisco em 2013. O terceiro é o arcebispo Arthur Roche, inglês que é o atual secretário da Congregação. Um bispo presente na reunião disse ao grupo ACI que "todas as pistas do discurso do Papa levavam a perceber que o Arcebispo Roche seria o novo perfeito". Poucos meses antes de Sarah completar 75 anos, Roche escreveu um ensaio apresentado em 19 de fevereiro de 2020 na Pontifícia Universidade da Santa Cruz em Roma, em que afirma que São Pio V promulgou o missal do Concílio de Trento, concílio “que iniciou a continuação de um renovado interesse na Sagrada Liturgia que teve sua culminação 400 anos depois”, com a missa estabelecida pelo Concílio Vaticano II. “De fato, a adoção da Constituição sobre Sagrada Liturgia Sacrosantum Concilium em 4 de dezembro de 1963 foi exatamente 400 anos depois da última sessão do Concílio de Trento”, escreveu Roche no ensaio “O missal romano de São Paulo VI: Uma testemunha de fé imutável e tradição ininterrupta”.

Mas com o passar das horas na segunda-feira, outro cenário se tornou cada vez mais provável: O Papa Francisco poderia nomear o Arcebispo Roche como prefeito e o bispo Vittorio Viola secretário da congregação. Nesse cenário, monsenhor Pietro Moroni, reitor da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Urbaniana, seria subsecretário.

Monsenhor Moroni tem 46 anos, e o Papa Francisco o nomeou consultor do Escritório para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice em 7 de outubro de 2020. Sua nomeação poderia ser o primeiro passo para a transferência do Ofício para as Celebrações Litúrgicas do Papa para a Congregação para o Culto Divino. Segundo a constituição Pastor Bonus, do papa João Paulo II que organizou a Cúria Romana o Ofício para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice é um “instituto da Cúria Romana, dotado de autonomia própria, tendo uma configuração jurídica própria que o diferencia dos demais Institutos da Cúria Romana, com legislação própria e competências exclusivas próprias”. Seu encarregado é Monsenhor Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias desde 2007. Segundo a página web do Ofício para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, as liturgias com o papa tornaram-se, pelo “impacto dos meios de comunicação”, um “ponto de referência exemplar para a implementação da reforma litúrgica” proposta pelo Concílio Vaticano II.

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