O encontro ecumênico presidido Papa Francisco aconteceu na Malmö Arena, onde esteve acompanhado por representantes da Igreja Luterana. O Pontífice ouviu alguns testemunhos e, em seguida, fez um discurso no qual falou sobre vários temas, como a criação, a ajuda aos refugiados e a perseguição que sofrem os cristãos na Síria.

O Santo Padre disse em seu discurso que para os cristãos é “é uma prioridade sair ao encontro dos descartados e marginalizados do nosso mundo, tornando palpável a ternura e o amor misericordioso de Deus, que não descarta ninguém, mas acolhe a todos, e que hoje nos pede para protagonizarmos a revolução da ternura”.

No evento, foram ouvidos quatro testemunhos antes das palavras do Pontífice. O primeiro foi o de Sunemi Pranita, da Índia, que falou da importância de cuidar da criação. Por sua vez, o colombiano Mons. Héctor Fabio Henao Gaviria, diretor da Cáritas no país, contou sua experiência com o conflito armado e o processo de paz.

Marguerita Barankitse, do Burundi, deu seu testemunho sobre ajudar os mais pobres. O último foi de Rose Lokonyen, do Sudão do Sul, membro da equipe olímpica de refugiados, que falou sobre como o esporte ajuda em sua vida.

Em resposta a Sunemia Pranita, o Santo Padre disse que a criação “é uma manifestação do amor imenso de Deus para conosco; por isso podemos também contemplar a Deus por meio dos dons da natureza”.

“Compartilho a tua consternação pelos abusos que danificam o nosso planeta, a nossa casa comum, com graves consequências também sobre o clima”, disse, para acrescentar em seguida: “Somos chamados a cultivar uma harmonia com nós mesmos e com os outros, mas também com Deus e com a obra das suas mãos”.

Francisco também falou sobre o processo de paz na Colômbia e pediu para rezar “por aquela terra maravilhosa para que, com a colaboração de todos, se possa chegar finalmente à paz, tão desejada e necessária para uma digna convivência humana. Seja uma oração que abrace também a todos os países onde perduram graves situações de conflito”.

O Santo Padre agradeceu ainda aos governos “que prestam assistência aos refugiados, aos deslocados e àqueles que pedem asilo, porque cada ação em favor destas pessoas que precisam de proteção constitui um grande gesto de solidariedade e reconhecimento da sua dignidade”.

Antes de se despedir, falou sobre o conflito que se vive há muito tempo na Síria e a perseguição aos cristãos. “No meio de tanta devastação, é verdadeiramente heroica a permanência lá de homens e mulheres para prestar assistência material e espiritual aos necessitados”.

Ao Bispo de Aleppo, Dom Antoine Audo, que estava presente, Francisco disse: “É admirável também que tu, querido irmão, continues a trabalhar no meio de tantos perigos para nos contares a dramática situação dos sírios”.

“Cada um deles está presente no nosso coração e na nossa oração. Imploremos a graça da conversão dos corações de quantos têm a responsabilidade dos destinos daquela região”, concluiu.

O diálogo com os luteranos

O Papa agradeceu “a Deus por esta comemoração conjunta dos quinhentos anos da Reforma, que estamos a viver com espírito renovado e consciente de que a unidade entre os cristãos é uma prioridade, porque reconhecemos que, entre nós, é muito mais o que nos une do que aquilo que nos separa”.

Francisco assinalou que “o caminho empreendido para alcançar já é um grande dom que Deus nos concede e, graças à sua ajuda, estamos reunidos aqui hoje, luteranos e católicos, em espírito de comunhão, para dirigir o nosso olhar ao único Senhor, Jesus Cristo”.

“O diálogo entre nós permitiu aprofundar a compreensão mútua, gerar confiança recíproca e confirmar o desejo de caminhar para a plena comunhão. Um dos frutos produzidos por este diálogo é a colaboração entre distintas organizações da Federação Luterana Mundial e da Igreja Católica”.

O Papa anunciou que a “Caritas Internationalis e Lutheran World Federation Service assinarão uma declaração comum de acordos que visam desenvolver e consolidar uma cultura de colaboração para a promoção da dignidade humana e da justiça social”.

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