O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e da Família de Portugal, Dom Joaquim Mendes, participou do Encontro Mundial das Famílias, em Dublin, Irlanda, e assinalou que o Papa Francisco levou ao evento uma mensagem “muito forte” contra os abusos cometidos por membros da Igreja.

Para o Prelado, o EMF, “por um lado, foi a vivência de uma Igreja que é família de famílias, e de uma Igreja que ama as famílias, mas depois há esse aspeto doloroso, que a Igreja carrega, de uma Igreja que é santa e pecadora”.

Dom Mendes comentou sobre o evento à ‘Agência Ecclesia’, do episcopado português, salientando que, além de uma “experiência marcante” de “alegria e beleza”, foi também de “sofrimento por toda a situação que a Igreja Católica está vivendo” em relação às denúncias de casos de abusos de poder, de consciência e sexual.

Durante o Encontro Mundial das Famílias que aconteceu de 21 a 26 de agosto em Dublin, o Papa Francisco esteve presente nos dois últimos dias e condenou os abusos cometidos por parte de membros da Igreja em diversas ocasiões, desde o seu primeiro discurso, diante das autoridades civis, até o último momento na Santa Missa de encerramento, quando pediu perdão durante o ato penitencial.

“O ato penitencial que o Papa fez na Missa final, eu estava a assistir, estava a concelebrar, foi muito forte”, declarou o também Bispo auxiliar de Lisboa.

Para o Prelado, foi importante o Pontífice ter abordado uma problemática que “toca a todos” os que fazem parte do “corpo eclesial”, que “confunde e envergonha”, mas que “é preciso olhar para ela”.

“O participar desta dor, desta situação toda muito penosa, marcou também este encontro. Ver a santidade da família, a beleza, a alegria, a esperança da família, o reacender do dom do matrimônio, ao serviço da vida e no testemunho do amor, mas por outro esta parte mais escura, esta sombra pesada”, assinalou Dom Mendes.

Entretanto, o Bispo ressaltou que “a Igreja não pode ficar no pecado”, e sim prosseguir no desenvolvimento de mecanismos que permitam prevenir mais situações de abuso, ou de encobrimento de abusos.

“Há muita gente santa, que dá a vida e que defende a dignidade humana, que defende a dignidade dos pobres, das crianças. Não podemos tomar uma parte pelo todo”, acrescentou.

O testemunho de famílias

O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e da Família também destacou a participação e o testemunho deixado por tantas famílias durante o EMF.

“Foi admirável ver famílias inteiras com três, quatro, cinco filhos, com os pais, algumas traziam também os avós. Pessoas que amam, que valorizam a família, que têm uma experiência de família. E neste sentido são também uma luz e uma esperança para a Igreja e para o mundo”, declarou à ‘Agência Ecclesia’, do episcopado português.

Além disso, afirmou ter sido “muito interessante ouvir o testemunho de famílias a dizerem que se reencontraram na Amoris Laetitia”. “E estou certo que os casais que participaram vieram tocados e reforçados na sua vivência e realidade como esposos e como famílias”, comentou.

Por fim, Dom Joaquim Mendes expressou o desejo de “que estas famílias contagiem outras na descoberta da família como caminho de amor, como comunidade, como Igreja doméstica, como espaço de crescimento e de realização”.

“Nós temos de reforçar, a todos os níveis, social, político, temos de reforçar as famílias e apoiar as famílias e acompanhar as famílias para que elas possam cumprir a sua missão de cuidar da vida dos filhos, acompanhar, proteger, defender. Isto é uma missão de todos”, concluiu.

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