Em entrevista publicada pelo jornal italiano Corriere della Sera, o papa Francisco falou sobre seu desejo de se encontrar com Vladimir Putin em Moscou e confirmou que não viajará para a Ucrânia por enquanto.

Na entrevista publicada hoje (3), além de falar sobre seu estado de saúde e outras questões como a política da capital italiana, o papa Francisco lembrou os esforços da Santa Sé para alcançar a paz na Ucrânia.

Francisco lembrou que no primeiro dia da guerra ele telefonou para o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e depois foi à embaixada russa junto à Santa Sé para pedir explicações sobre o que estava acontecendo na Ucrânia, país invadido pelos soldados russos desde 24 de fevereiro.

"Pedi ao cardeal Parolin, após vinte dias de guerra, que enviasse a mensagem a Putin de que eu estava disposto a ir a Moscou", disse o papa Francisco na entrevista.

“Ainda não recebemos uma resposta e continuamos insistindo mesmo temendo que Putin não possa e não queira fazer este encontro neste momento”, disse o papa.

Sobre o fornecimento de armas ao povo ucraniano por outros países, o papa Francisco disse que "não sei responder" se é algo correto ou não. Francisco lamentou que "é por isso que são travadas guerras: para testar as armas que produzimos".

“Foi o que aconteceu na guerra civil espanhola antes da Segunda Guerra Mundial. O comércio de armas é um escândalo e poucos o combatem. Há dois ou três anos, um navio chegou a Gênova carregado de armas que seriam transferidas para um grande cargueiro para transporte para o Iêmen. Os trabalhadores portuários não quiseram fazer isso. Eles disseram: pensemos nas crianças do Iêmen. É uma coisa pequena, mas um gesto bonito. Deveria haver muitos assim”, disse o papa Francisco.

Sobre a polêmica da via-sacra na Sexta-feira Santa no Coliseu, onde uma ucraniana e uma russa iriam ler uma oração juntas, o papa disse que ligou para o cardeal Krajewski, que estava na Ucrânia, para consultá-lo.

Segundo o papa Francisco, o cardeal aconselhou-o a não fazer esta oração conjunta. “Eles estão certos mesmo que não compreendamos completamente. Portanto, elas ficaram em silêncio”, disse o papa.

Sobre sua possível visita à Ucrânia, o papa disse que sentiu que não deveria ir. “Primeiro devo ir a Moscou, primeiro devo encontrar-me com Putin. Mas eu também sou um sacerdote, o que posso fazer? Eu faço o que posso. Se Putin abrisse a porta...”, disse o papa Francisco.

Além disso, Francisco disse que o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, lhe disse que "os russos têm um plano, que em 9 de maio tudo terminará".

“Assim se entenderia também a celeridade da escalada destes dias. Porque agora não é só o Donbass, é a Crimeia, é Odessa, a questão é tirar o porto do Mar Negro da Ucrânia, é tudo. Sou pessimista, mas devemos fazer todos os gestos possíveis para parar a guerra”, disse o papa Francisco.

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