A nunciatura apostólica em Paris informou que o papa Francisco ordenou uma visita apostólica à arquidiocese de Estrasburgo, na França, a partir desta segunda-feira (27). Uma visita apostólica equivale a uma investigação de uma diocese.

Em comunicado publicado na quinta-feira (23), a nunciatura informou que os visitantes serão o bispo de Pontoise, dom Estanislau Lalanne, assistido por dom Joël Mercier, secretário emérito do Dicastério para o Clero da Santa Sé.

O texto diz que Francisco ordenou a visita apostólica após ouvir o parecer do Dicastério para os Bispos, liderado pelo cardeal Marc Ouellet.

“Esta decisão pontifícia é a expressão do pedido do papa Francisco em relação à Igreja particular de Estrasburgo e visa ajudá-la a cumprir sua missão de testemunha do Senhor Ressuscitado”, conclui o comunicado.

O arcebispo de Estrasburgo, dom Luc Ravel, disse que acolhe a visita "com fé e confiança na decisão do Santo Padre Francisco" que se preocupa com a Igreja, "a bela noiva de Cristo". Em 2015, quando era bispo das Forças Armadas francesas, Ravel disse que o aborto era uma “arma de destruição em massa” e defendeu um debate nacional sobre o tema no país, onde o aborto é legalizado. A declaração criou controvérsia e as próprias Forças Armadas se distanciaram da declaração do bispo.

“Esta atenção benevolente à arquidiocese de Estrasburgo expressa essa preocupação e não tenho dúvidas, pelo menos em minha mente, que nossa magnífica Igreja na Alsácia sairá tranquila dela, nesta paz que o Senhor Jesus prometeu e que se desenvolve graças a seu Espírito”, acrescentou Ravel.

Ravel encorajou os católicos a acolherem "esta visita neste 'clima de graça', às vezes desconcertante no momento, mas sempre saudável a longo prazo".

A visita apostólica foi anunciada cinco dias depois que o papa recebeu dom Celestino Migliore, núncio apostólico na França, em audiência no Vaticano

Embora os motivos da visita apostólica ou da investigação não tenham sido divulgados oficialmente, isso ocorre após a saída do ecônomo da arquidiocese, Jacques Bourrier.

Segundo a Famille Chrétienne, a remoção de Bourrier em maio causou um alvoroço na arquidiocese. Embora devesse deixar o cargo apenas em 1º de julho, esse adiantamento da saída do ex-oficial da marinha teria acontecido por causa de divergências com o arcebispo.

Bourrier disse que na arquidiocese há "uma total ausência de gestão" e "práticas de gestão da república das bananas". Ele também disse que irá ao tribunal para apelar da decisão de dom Ravel.

Segunda diocese da França que recebe intervenção da Santa Sé em junho

A arquidiocese de Estrasburgo é a segunda jurisdição da Igreja Católica na França a ter a intervenção da Santa Sé em junho.

Em 2 de junho, dom Dominique Rey, bispo de Fréjus-Toulon, anunciou que a Santa Sé pediu a suspensão das ordenações diante das “perguntas de alguns dicastérios romanos sobre a reestruturação do seminário e a política de acolhimento de pessoas na diocese”.

Frey é um dos bispos franceses mais conservadores. Ele apóia e reza pessoalmente a missa tradicional segundo o rito anterior à reforma do Concílo Vaticano II. O papa francisco restringiu grandemente o uso dessa liturgia em julho do ano passado com o motu proprio Traditionis custodes.

Segundo La Vie, em 2021 foram ordenados dez sacerdotes e oito diáconos na diocese de Frejus-Toulon.

O jornal francês La Croix informou que em 2020, foram ordenados 126 padres em toda a França. Mais de 60% das dioceses do país não tiveram nenhuma ordenação.

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