O papa Francisco se reuniu com a comunidade judaica na Eslováquia no dia 13 de setembro, no segundo dia de sua visita ao país, e afirmou que “o nome de Deus foi desonrado” com o Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial.

Francisco chegou pouco antes das 5h da tarde, hora local, à Praça Rybné Nuova, onde existia uma sinagoga até os anos 1960. Ele escutou o testemunho de um sobrevivente que perdeu seus pais durante a Segunda Guerra Mundial, e da irmã Samuela, religiosa ursulina, congregação que deu ajuda e abrigo aos judeus perseguidos.

Em seu discurso, o papa afirmou “o nome de Deus foi desonrado”, pois “loucura do ódio, durante a Segunda Guerra Mundial, foram mortos mais de cem mil judeus eslovacos” pelo regime nazista. “E depois, quando se quis cancelar os vestígios da comunidade, foi demolida a sinagoga que havia aqui”, pelos comunistas.

O papa reiterou que “aqui o nome de Deus foi desonrado, porque a pior blasfêmia que se lhe pode fazer é usá-lo para os próprios fins em vez de servir para respeitar e amar os outros”.

“Aqui, tendo diante dos olhos a história do povo judeu marcada por esta trágica e inaudita afronta, sentimos vergonha em admiti-lo: quantas vezes o nome inefável do Altíssimo foi usado para indescritíveis atos de desumanidade! Quantos opressores declararam «Deus está conosco», mas eram eles que não estavam com Deus”, disse o papa.

Francisco disse à comunidade judaica que “a vossa história é a nossa história, os vossos sofrimentos são os nossos sofrimentos”.

“A memória não pode nem deve ceder lugar ao esquecimento, porque não haverá alvorada duradoura de fraternidade sem antes se ter compartilhado e dissipado as trevas da noite”, disse ele.

O papa denunciou que, atualmente, “não faltam ídolos vãos e falsos que desonram o nome do Altíssimo”.

“São os ídolos do poder e do dinheiro que prevalecem sobre a dignidade do homem, da indiferença que volta o olhar para o outro lado, das manipulações que instrumentalizam a religião, tornando-a uma questão de supremacia ou então reduzindo-a à irrelevância”, afirmou.

“E existem ainda o esquecimento do passado, a ignorância que justifica tudo, a raiva e o ódio”, disse o papa. Ele reiterou, então, que estamos “unidos – repito – na condenação de toda a violência, de todas as formas de antissemitismo, e no empenho por que não seja profanada a imagem de Deus na criatura humana”.

Depois, o papa afirmou que “é bom continuar, na verdade e com sinceridade, o caminho fraterno de purificação da memória para curar as feridas do passado, bem como a recordação do bem recebido e oferecido”

“O mundo precisa de portas abertas. São sinais de bênção para a humanidade”, disse ele.

“A bênção do Altíssimo derrama-se sobre nós, quando vê uma família de irmãos que se respeitam, amam e colaboram entre si”, disse o papa.

Ao finalizar, Francisco participou em um ato de homenagem, oração e memória pelo povo judeu, especialmente pelos assassinados na II Guerra Mundial. Depois, ele ofereceu à comunidade judaica um tradicional prato italiano com a imagem de são Pedro.

Concluído o encontro com a comunidade judaica da Eslováquia, Francisco dirigiu-se à nunciatura apostólica, para receber as visitas do presidente do parlamento, Boris Kollár, e do primeiro-ministro, Eduard Heger.

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