O Papa Francisco foi recebido neste domingo, 8 de setembro, com grande entusiasmo por 8 mil crianças de Madagascar, que entoavam e dançavam a canção “Deus está aqui”. Foi a visita do Santo Padre à “cidade da amizade” de Akamasoa, localizada na periferia de Antananarivo, no marco de sua visita apostólica na África.

A “cidade da amizade” de Akamasoa (que em português significa “bons amigos) foi fundada em 1989 pelo sacerdote argentino Pedra Opeka, missionário da Congregação da Missão, que chegou a Madagascar em 1970.

O projeto iniciou nesta zona periférica de Antananarivo, onde Pe. Opeka começou a missão e um projeto social propondo trabalho e dando um pequeno salário, para lhes dar “a possibilidade de viver uma vida mais digna”.

O Pontífice chegou à “cidade da amizade” em papamóvel e foi recebido pelo sacerdote Opeka, no qual o Santo Padre deu um forte abraço, enquanto as pessoas no interior do auditório os saudava com ovações.

Depois, o Papa entrou no auditório de Manantenasoa, junto com Pe. Pedro Opeka, e pôde saudar as crianças que encontrava pelo caminho.

Em sua saudação inicial, o missionário argentino disse que Akamasoa “era um lugar de exclusão, de sofrimento, de violência e de morte” e acrescentou que, depois de 30 anos, “a Divina Providência criou ‘um oásis’ de esperança no qual as crianças recuperaram sua dignidade, os jovens voltaram para a escola, os pais começaram a trabalhar para preparar um futuro para seus filhos”.

“A pobreza extrema neste lugar, nós a erradicamos graças à fé, ao trabalho, à escola, ao respeito recíproco e à disciplina. Aqui, todos trabalham”, explicou Opeka.

Por sua vez, o Papa Francisco confiou antes de sua saudação que lhe alegrava muito voltar a ver Pe. Opeka, o qual conheceu na Universidade, durante seus estudos de teologia e o qual “não gostava tanto de estudar, mas sim de trabalhar”, disse Francisco com senso de humor.

Com alegria, o Papa afirmou que “Akamasoa é a expressão da presença de Deus no meio do seu povo pobre; não uma presença esporádica, casual: é a presença de um Deus que decidiu viver e permanecer sempre no meio do seu povo”.

“Vendo os vossos rostos radiantes, dou graças ao Senhor que ouviu o clamor dos pobres e manifestou o seu amor através de sinais palpáveis como a criação desta aldeia”, assinalou o Papa. “Os vossos clamores nascidos do fato de não poderdes mais viver sem um teto, de verdes os vossos filhos crescer malnutridos, de não terdes trabalho, nascidos do olhar indiferente – para não dizer desdenhoso – de muitos, transformaram-se em cânticos de esperança para vós e quantos vos contemplam”.

Entretanto, o Pontífice disse que cada recanto da “cidade da amizade” é “um cântico de esperança que recusa e faz calar toda a fatalidade. Digamo-lo com força: a pobreza não é uma fatalidade”, exclamou.

Neste sentido, Francisco destacou que se tratava de uma “uma longa história de coragem e ajuda mútua”, porque é resultado de muitos anos de árduo trabalho. “Na base, encontramos uma fé viva que se traduziu em ações concretas, capazes de ‘mover montanhas’. Uma fé que permitiu ver uma chance onde era visível apenas a precariedade, ver a esperança onde só era visível a fatalidade, ver a vida onde muitos anunciavam morte e destruição”.

“Lembrai-vos daquilo que escrevia o apóstolo São Tiago a propósito da fé: ‘se ela não tiver obras, está completamente morta’ (2, 17). Os alicerces do trabalho feito em comum, do sentido de família e comunidade consentiram restaurar, de forma artesanal e paciente, a confiança não só dentro de vós, mas entre vós, dando-vos a possibilidade de ser os protagonistas e os artífices desta história”, disse o Papa.

Por isso, o Santo Padre elogiou a “educação para os valores, através da qual as primeiras famílias que iniciaram a aventura com o Padre Opeka puderam transmitir o enorme tesouro de compromisso, disciplina, honestidade, respeito por si mesmo e pelos outros”.

“E pudestes compreender que faz parte do sonho de Deus não apenas o progresso pessoal, mas sobretudo o progresso comunitário, já que não há escravidão pior – como nos lembrou o Padre Pedro – do que viver cada um só para si”.

Ao finalizar, o Papa Francisco dirigiu uma mensagem aos jovens presentes: “Nunca desistais perante os efeitos nefastos da pobreza, nunca sucumbais às tentações da vida fácil ou do retraimento em vós mesmos”.

“Queridos jovens, cabe a vós continuar o trabalho feito pelos mais velhos. A força para realizar tudo isto, encontrá-la-eis na vossa fé e no testemunho vivo que foi plasmado na vossa vida. Deixai desenvolver-se em vós os dons que o Senhor vos concedeu. Pedi-Lhe para vos ajudar a servir generosamente os vossos irmãos e irmãs”, afirmou.

Deste modo, o Santo Padre convidou à oração “para que se difunda, por Madagascar inteiro e em outras partes do mundo, o esplendor desta luz e possamos alcançar modelos de desenvolvimento que privilegiem a luta contra a pobreza e a exclusão social a partir da confiança, da educação, do trabalho e do empenho que são sempre indispensáveis para a dignidade da pessoa humana”.

“Obrigado uma vez mais pelo vosso testemunho profético e gerador de esperança. Que Deus continue a abençoar-vos”, concluiu.

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