O Papa Francisco dirigiu nesta manhã um discurso a um grupo de novos embaixadores ante a Santa Sé, a quem falou da necessidade de confrontar o fenômeno migratório com sabedoria, compaixão e solidariedade; e lhes disse que a diplomacia é um caminho privilegiado para transmitir “o grito” dos que sofrem violência e perseguição.

Aos novos embaixadores que apresentaram suas credenciais ao Vaticano, o Papa disse que é necessário manter com firmeza a resolução de dar a conhecer ao mundo a situação crítica de tantos seres humanos que vivem “a tragédia da violência e da migração forçada para que através da nossa se escute sua voz, muito fraca e incapaz de fazer ressoar seu grito”.

Neste sentido, o caminho da diplomacia “nos ajuda a amplificar e transmitir este grito através da busca de soluções às muitas causas subjacentes do conflito atual”.

Dessa busca fazem parte os esforços encaminhados a “privar de armas aqueles que usam violência e colocar fim no tráfico humano e no comércio de drogas, que quase sempre acompanham este mal”.

“Se nossas iniciativas em nome da paz deveriam ajudar as populações a permanecer em sua pátria, a situação atual nos chama a assistir os migrantes e quantos os atendem”.

Na Sala Clementina do Palácio Apostólico no Vaticano, o Papa recordou aos embaixadores que sua “presença hoje aqui é uma forte recordação de que, apesar de que nossas nacionalidades, culturas e religiões possam ser diferentes, estamos unidos por uma humanidade comum e pela missão compartilhada de cuidar da sociedade e da criação”.

O Santo Padre explicou que “esta tarefa se tornou especialmente urgente dado que muitas pessoas no mundo sofrem com conflitos e guerras, migrações e incertezas causadas por problemas econômicos”.

“Estes problemas requerem não só que reflitamos e discutamos sobre eles, mas também que expressemos sinais concretos de solidariedade com nossos irmãos e irmãs que atravessam grandes necessidades”.

Para que essa tarefa solidária seja eficaz, continuou, os esforços devem apontar para “a busca da paz, em que todo direito natural individual e todo desenvolvimento humano integral possam ser exercidos e garantidos”.

Isso requer uma colaboração eficaz e coordenada que inste os membros das diversas comunidades a “converter-se eles mesmos em artesãos da paz, promotores de justiça social e defensores do respeito verdadeiro de nossa casa comum”.

O Papa afirmou que esse trabalho se faz sempre mais difícil porque o mundo cada vez está mais fragmentado e polarizado. “Muitas pessoas tendem a se isolar frente à dureza da realidade. Têm medo do terrorismo e de que a crescente afluência de migrantes mude radicalmente sua cultura, sua estabilidade econômica e seu estilo de vida”.

“Estas preocupações, que entendemos e que não podemos deixar de lado, devem ser enfrentadas com sabedoria e compaixão, para que os direitos e as necessidades de todos sejam respeitados e defendidos”.

“Não devemos permitir que mal-entendidos e medos façam que enfraqueçam nossa determinação. Ao contrário, somos chamados a construir uma cultura de diálogo que nos permita reconhecer o outro como um interlocutor válido; que nos permita olhar o estrangeiro, o emigrante, o que pertence a outra cultura como sujeito digno de ser escutado, considerado e apreciado”, exortou.

“Promoveremos assim uma integração que respeite a identidade dos migrantes e preserve a cultura da comunidade que os acolhe, enriquecendo ao mesmo tempo uns e outros. Isto é essencial”.

O Papa Francisco indicou deste modo que, “se prevalecerem a incompreensão e o medo, algo de nós mesmos se danifica, nossas culturas, a história e as tradições se debilitam, e até mesmo a paz está em perigo”.

“Se favorecermos o diálogo e a solidariedade, individual e coletivamente, experimentaremos o melhor da humanidade e garantiremos a paz duradoura para todos, segundo o desígnio do Criador”.

“Animo-os a ser sempre mensageiros da esperança e da paz. Penso, sobretudo, naqueles cristãos e naquelas comunidades que são numericamente uma minoria e sofrem perseguição por sua fé: renovo-lhes meu apoio na oração e minha solidariedade”, exortou o Pontífice.

Finalmente disse que “a Santa Sé se sente honrada de poder fortalecer com cada um de vós e com as nações que representam um diálogo aberto e respeitoso e uma colaboração construtiva”.

Os novos embaixadores que apresentaram hoje suas credenciais ante a Santa Sé são: Väino Reinart, da Estônia; Michael Barth Kamphambe Nkhoma, do Malaui; Andreas B. D. Guibeb, da Namíbia; Thomas Selby Pillay, do Seychelles; Nopadol Gunavibool, de Tailândia; e Muyeba Shichapwa Chikonde, da Zâmbia.

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