O Papa Francisco falou na terça-feira, 5 de fevereiro, sobre os abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero contra religiosas na Igreja, algo que "é um problema" que surge porque a mulher muitas vezes é considerada de "segunda classe", mas se está trabalhando nisso.

Na coletiva de imprensa que concedeu no voo de regresso a Roma, depois de visitar os Emirados Árabes Unidos, o Santo Padre respondeu a uma pergunta de Nicole Winfield, da Associated Press (AP), sobre a ação do Vaticano contra os abusos cometidos por membros do clero contra religiosas, algo que foi denunciado na revista feminina do jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano (LOR).

Na edição de janeiro do suplemente "Mulheres, Igreja, Mundo" de LOR, a historiadora e diretora do mesmo, Lucetta Scaraffia, denunciou esses abusos dentro da Igreja e questionou as razões pelas quais "não se fala dos bispos que realmente estupraram freiras indefesas, religiosas que se veem obrigadas a abandonar a vida religiosa ou a abortar".

Em sua pergunta ao Papa, a jornalista Nicole Winfield recordou que, há alguns meses, a União das Superioras Gerais também fez uma denúncia pública do problema.

"É verdade, dentro da Igreja, houve clérigos que fizeram isso. Em algumas civilizações de modo mais forte que em outras. Não é uma coisa que todos fazem, mas houve sacerdotes e até bispos que fizeram isso. E eu acho que ainda se faz: não é que a partir do momento em que você percebe, isso acaba. A coisa continua", disse Francisco.

Depois de explicar que já suspenderam e expulsaram alguns clérigos que cometeram esses abusos, o Papa recordou o caso de uma congregação religiosa feminina na qual havia "escravidão sexual" e o importante papel desempenhado por Bento XVI para chegar a sua dissolução.

"O folclore sobre o Papa Bento XVI o faz ver como bom, porque é bom, um pedaço de pão é pior do que ele; mas também o faz ver como fraco, mas de fraco ele não tem nada. Ele é um homem forte, um homem consequente com as acusações e ele começou. E lá naquela congregação havia esse problema que você diz", referiu o Papa Francisco.

Diante desse tema, o Santo Padre concluiu: "Quero seguir em frente. Existem casos... acima de tudo. Em algumas congregações, especialmente novas, algumas. E em algumas regiões mais do que em outras. Sim, essa é a coisa. Estamos trabalhando".

Confira também: