“O tempo de privações permitiu perceber a importância da liturgia divina para a vida dos cristãos”, disse o papa Francisco sobre os meses em que as missas com fiéis foram suspensas por causa da pandemia do coronavírus.

O papa disse que a missa é uma realidade irrenunciável para os cristãos, em mensagem enviada aos participantes na Semana Litúrgica Nacional da Itália, inaugurada nesta segunda-feira, 23, na cidade de Cremona. A mensagem foi assinada pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.

“A reunião semanal em nome do Senhor, que os cristãos desde as origens consideraram uma realidade irrenunciável e indissoluvelmente vinculada à sua identidade, foi interrompida abruptamente durante a fase mais aguda da propagação da pandemia”, disse.

No entanto, “o amor pelo Senhor e a criatividade pastoral levaram os pastores e os fiéis leigos a mostrar outros caminhos para nutrir a comunhão de fé e de amor com o Senhor e com os irmãos à espera de poder voltar à plenitude das celebrações eucarísticas com tranquilidade e segurança”.

“Foi uma expectativa dura e que causou sofrimento, iluminada pelo mistério da Cruz do Senhor e fecunda pelas muitas obras de caridade, de amor fraterno e de serviço às pessoas que mais sofreram as consequências da emergência sanitária”.

O papa disse que “a triste experiência do jejum litúrgico do ano passado ressaltou os benefícios do longo caminho percorrido desde o Concílio Vaticano II sobre o caminho traçado pela Constituição Sacrosanctum Concilium. O tempo de privações permitiu perceber a importância da divina liturgia para a vida dos cristãos”.

Nesse sentido, Francisco afirmou que “a liturgia suspensa durante o longo período de confinamento e, na sequência, a dificuldade de retomá-la, confirmaram o que já se observava nas assembleias dominicais da península italiana: um alarmante indício, em fase avançada, de mudança de época”.

“Observamos como, na realidade das pessoas, a percepção do tempo mudou e, consequentemente, do próprio domingo, do espaço, com consequências sobre o modo de ser e de sentir-se comunidade, povo, família e da relação com um território”.

“A assembleia dominical se encontra assim descompensada, tanto pela presença geracional como pela falta de homogeneidade cultural e pela fadiga de encontrar uma integração harmônica na vida paroquial que seja, de verdade, culminação de toda sua atividade e fonte de dinamismo missionário para levar o Evangelho da misericórdia às periferias geográficas e existenciais”.

O papa desejou que “a Semana Litúrgica Nacional, com suas propostas de reflexão e momentos de celebração, possa individuar e sugerir algumas linhas de pastoral litúrgica às paróquias, para que no domingo, a assembleia eucarística, os ministros, o rito, surjam da marginalidade para a qual parece que se precipitam de modo inevitável e recuperem a centralidade na fé e na espiritualidade dos crentes”.

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