O Departamento de Assuntos Religiosos do governo de Cuba controla “todo movimento da Igreja” e impede a liberdade religiosa, disse o padre Alberto Reyes, da arquidiocese de Camagüey.

Em artigo publicado ontem (14) na sua conta do Facebook, o padre disse que a liberdade religiosa é mais do que poder “se reunir nos nossos templos para adorar ao Deus que nos une", mas contempla uma série de direitos que a Igreja não pode exercer em Cuba, como a liberdade de expressão de seus membros, já que o Departamento de Assuntos Religiosos do regime comunista liga constantemente para os bispos e superiores das congregações quando algum padre ou religioso fala algo que lhes incomoda.

Para Alberto Reyes, este departamento quer ser o responsável por “pôr os padres e religiosas na linha”.

"Se na minha terra houvesse liberdade religiosa as igrejas teriam acesso às redes sociais, e poderíamos oferecer nossos programas de rádio e televisão, para divulgar através deles o Evangelho de Jesus Cristo, que consideramos o melhor programa de vida que existe”, disse o padre.

Segundo Alberto Reyes, a Igreja em Cuba também está proibida de "participar do sistema educacional e intervir na formação das novas gerações". Não pode estabelecer "escolas próprias que permitam aos pais escolher a educação que querem para seus filhos, de acordo com sua fé, suas crenças e seus valores”.

“Se houvesse liberdade religiosa na minha terra, as igrejas teriam acesso ao sistema de saúde, podendo oferecer à população mais alternativas de atendimento à saúde”, continuou.

Padre Alberto Reyes também disse que se existisse liberdade religiosa em Cuba "não precisaríamos depender de licenças para manifestar publicamente nossa fé, e poderíamos planejar e convocar missas públicas, procissões, via-sacra nas ruas, desfiles de Natal... informando as autoridades sobre o uso de espaços públicos”.

"Seria permitida a construção de templos nos lugares onde há comunidades cristãs estabelecidas que, na falta de templo, devem se reunir em casas particulares", disse ele. As igrejas danificadas ou destruídas poderiam ser restauradas "com uma simples autorização de reconstrução" sem ter que passar por "um longo processo de autorizações que pode durar anos".

“Se houvesse liberdade religiosa em minha terra, seria permitido o registro oficial de novas denominações cristãs que queiram exercer seu direito de evangelizar em Cuba” e “cristãos cujo pensamento é diferente do discurso oficial do governo não seriam impedidos de participar de celebrações religiosas”, disse.

Segundo o padre, em Cuba “os leigos, religiosos e sacerdotes que expressam opiniões diferentes das do governo” são continuamente perseguidos com “chamadas de atenção”.

“Se houvesse liberdade religiosa na minha terra, não seriam acusados ​​nem difamados os padres, os religiosos, as religiosas e os leigos que, movidos pela sua fé, levantam a voz, exercendo a sua identidade batismal de profetas, para denunciar as injustiças sociais e que buscam acompanhar aqueles que são vítimas dessas injustiças”.

Alberto Reyes concluiu o seu artigo dizendo que todos esses direitos poderiam ser exercidos "se houvesse liberdade religiosa na minha terra... mas não há".

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