O padre Francisco José Delgado, sacerdote da arquidiocese de Toledo, na Espanha, criticou o padre jesuíta americano James Martin por um post no Twitter sobre o “casamento” gay de Pete Buttigieg, secretário de transportes dos EUA.

Buttigieg foi acusado de gastos excessivos em suas viagens a trabalho e respondeu que “viajou com seu ‘marido’ assim como outros altos funcionários viajam com suas esposas”, disse o padre Delgado.

Martin comentou que “Pete Buttigieg é casado” em um tweet da Catholic League, que dizia que “é verdade que Pete Buttigieg é legalmente casado, mas essa é uma ficção legal”.

No último domingo (22), Martin publicou: “Estou surpreso que isso tenha chamado tanta atenção. Goste ou não, Pete Buttigieg é legalmente casado”.

“Você pode discordar do casamento entre pessoas do mesmo sexo (ou não). Mas @SecretaryPete é casado aos olhos do Estado e de sua igreja, assim como qualquer outra pessoa. Alegar o contrário é ignorar a realidade”, escreveu o jesuíta. Martin é consultor do dicastério para a Comunicação da Santa Sé.

Delgado publicou o seguinte tuíte em resposta ao post de Martin: “Você pode ir para a igreja dele e parar de manchar a de Cristo, profeta de satanás”.

O tweet de Martin gerou uma onda de outras críticas nas redes sociais. O cardeal Wilfrid Napier, arcebispo emérito de Durban, na África do Sul, notou que algo não é certo apenas porque o Estado sanciona:

“Não muito tempo atrás, as pessoas de cor eram consideradas menos do que humanas pelo Estado e tinham seus direitos humanos negados! Sinto muito! Isso não tornou pessoas de cor menos do que humanas! Na verdade, somente Deus, o nosso Criador, poderia fazer isso. Em vez disso, Ele escolheu se tornar humano para provar o Seu ponto de vista”, tuitou.

“Ele não é casado aos olhos de Deus. Alegar o contrário é ignorar a realidade”, tuitou Sean K. Davis em resposta à afirmação de Martin sobre o relacionamento de Buttigieg.

Adele Scalia, cunhada do falecido juiz da Suprema Corte dos EUA  Antonin Scalia, rebateu: “Na verdade, você não está surpreso por isso ter recebido tanta atenção. Você tuitou pela atenção que sabia que iria receber”.

“O padre James Martin, um jesuíta americano, tem o hábito de falar de maneira escandalosa sobre a fé católica nas redes sociais”, diz Delgado em comunicado à ACI Prensa.

“Seu tema favorito é a aceitação de tudo o que tenha a ver com a homossexualidade, não apenas a tendência ou os atos, mas até mesmo o reconhecmento de uniões homossexuais como casamentos verdadeiros”, destaca o sacerdote espanhol.

“O primeiro comentário de Martin em apoio a Buttigieg foi que ‘Pete Buttigieg é casado’. Ao se depararem com uma declaração tão ultrajante, muitos católicos o lembraram que isso vai contra o ensinamento da Igreja e até mesmo o questionaram se ele seria consistente e lhe concederia o sacramento do matrimônio (embora Buttiegieg seja atualmente espicopaliano, não católico)”, continua Delgado.

“James Martin insistiu que o político ‘é casado aos olhos do Estado e de sua igreja, assim como qualquer outra pessoa’. Isso, dito por qualquer outro católico, seria desculpável se fosse devido à ignorância e, simplesmente, seria necessário explicar a essa pessoa o que diz a Doutrina da Igreja”, observa o padre espanhol.

No entanto, o sacerdote destaca: “Martin não é apenas um padre jesuíta, mas também ocupa um cargo a serviço da Santa Sé como consultor do Dicastério para a Comunicação. Portanto, em relação a ele não cabe apenas uma correção que, por outro lado, muitos outros católicos já tentaram fazer a ele”.

“Na realidade, o que nós católicos e especialmente sacerdotes sentimos é uma indignação terrível pela atitude deste sacerdote abertamente contrária ao ensinamento que ele deve defender e comunicar”.

“Ao fazer isso, ele causa sérios danos à Igreja e aos fiéis mais simples que, considerando sua condição sacerdotal, pensam que o que ele diz corresponde à posição oficial da Igreja”, lamenta o padre.

Delgado então recorda o que a Igreja Católica ensina, especificamente o que está estabelecido no documento “Considerações sobre as propostas para dar o reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais” emitido pela Congregação para a Doutrina da Fé em 2003.

“Nas situações em que as uniões homossexuais foram legalmente reconhecidas ou receberam o status legal e os direitos pertencentes ao casamento, a oposição clara e enfática é um dever”, afirma o documento do Vaticano na Seção 5.

Ao concluir, o padre espanhol “convida o padre James Martin, se não está disposto a deixar de manchar a face da Madre Igreja com sua doutrina envenenada, a partir dela o quanto antes, pois não parece que aqueles que têm autoridade sobre ele queiram fazer algo a respeito”.

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