A Sala Stampa do Vaticano divulgou na noite deste sábado, 26 de outubro, o documento final do Sínodo da Amazônia no qual os participantes se pronunciam os temas que guiaram as discussões e particularmente, três controvérsias: a ordenação de homens casados como sacerdotes, as diaconisas e a possibilidade de criar um rito amazônico.

A proposta de ordenar homens casados está contida no parágrafo 111 do documento, que recebeu 128 votos a favor e 41 contra, e foi o numeral que mais desaprovações recebeu em todo o documento.

O parágrafo se refere às dificuldades que as comunidades na Amazônia têm para ter acesso à Eucaristia e recorda a doutrina sobre o celibato que os Papas São Paulo VI e São João Paulo II sustentavam.

“Considerando que a legítima diversidade não prejudica a comunhão e a unidade da Igreja, mas sim a manifesta e serve (LG 13; OE 6) o que atesta a pluralidade dos ritos e disciplinas existentes, propomos estabelecer critérios e disposições de parte da autoridade competente, no âmbito da Lumen Gentium 26, para ordenar sacerdotes a homens idôneos e reconhecidos da comunidade, que tenham um diaconado permanente fecundo e recebam uma formação adequada para o presbiterado, podendo ter uma família legitimamente constituída e estável, para sustentar a vida da comunidade cristã através da pregação da Palavra e a celebração dos Sacramentos nas zonas mais remotas da região amazônica. A este respeito, alguns se pronunciaram por uma abordagem universal do tema”, indica o texto.

A proposta para estudar a possibilidade de ordenar diaconisas está no parágrafo 103, que teve 137 votos a favor e 30 em contra, e foi o segundo numeral que mais desaprovações recebeu.

O texto assinala que “nas muitas consulta realizadas na Amazônia, o papel fundamental das mulheres religiosas e leigas na Igreja da Amazônia e suas comunidades foi reconhecido e enfatizado, devido aos múltiplos serviços que elas brindam. Num grande número destas consultas, solicitou-se o diaconado permanente para a mulher. Por esta razão o tema esteve também muito presente no Sínodo”.

“Já em 2016, o Papa Francisco tinha criado uma ‘Comissão de Estudo sobre o Diaconato das Mulheres’ que, como Comissão, chegou a um resultado parcial sobre como era a realidade do diaconato das mulheres nos primeiros séculos da Igreja e suas implicações hoje. Gostaríamos, pois, de compartilhar nossas experiências e reflexões com a Comissão e aguardar seus resultados”, acrescenta.

Quanto à possibilidade de criar um rito amazônico, a proposta está no parágrafo 119, que recebeu 140 votos a favor e 29 em contra, sendo assim o terceiro numeral que mais desaprovações teve em todo o documento.

O numeral assinala que “o novo organismo da Igreja na Amazônia deve constituir uma comissão competente para estudar e dialogar, segundo usos e costumes dos povos ancestrais, a elaboração de um rito amazônico, que expresse o patrimônio litúrgico, teológico, disciplinar e espiritual da Amazônia, com especial referência ao que a Lumen Gentium afirma para as Igrejas orientais (cf. LG 23)”.

“Isto acrescentaria aos ritos já presentes na Igreja, enriquecendo a obra de evangelização, a capacidade de expressar a fé em uma cultura própria e o sentido de descentralização e de colegialidade que a catolicidade da Igreja pode exprimir. Poderia também estudar e propor como enriquecer ritos eclesiais com o modo em que estes povos cuidam seu território e se relacionam com as suas águas”, adiciona.

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