REDAÇÃO CENTRAL, 30 Mai. 12 / 10:42 am (ACI/EWTN Noticias).- Nos últimos dias dezenas de veículos de comunicação em todo mundo acusaram o Vaticano de organizar orgias com jovens recrutadas como escravas sexuais por sacerdotes. A nova lenda urbana se apóia na nota de um blogueiro do portal Yahoo a Espanha, que envolveu clérigos no desaparecimento de uma jovem italiana em 1983, manipulando as memórias do famoso exorcista Padre Gabriel Amorth.
Thomas Castroviejo (ou Tom C. Avedaño) publicou na sexta-feira 25 de maio a nota "Emanuela Orlandi foi escrava sexual no Vaticano, afirma o exorcista mor" no blog Gazeta Trotamundos do Yahoo Notícias em Espanhol.
Avendaño –que em seu perfil do LinkedIn.com se apresenta como jornalista colaborador do El Pais, Cadena Ser e Informativos Cuatro– atribui ao Padre Amorth declarações que nunca fez.
"Já de por si cabe esperar palavras surpreendentes e inesperadas do principal exorcista do Vaticano. Mas nada podia ter preparado a Santa Sé para suas últimas declarações: o padre Gabriele Armoth (SIC) assegurou que Emanuela Orlandi, a famosa adolescente romana que foi seqüestrada em 1983, esteve em realidade no Vaticano durante o tempo do seu desaparecimento. Ali, os clérigos a converteram em sua escrava sexual e a usaram em várias orgias. Quando se cansaram dela, assassinaram-na", escreveu o blogueiro e citou como fonte uma nota aparecida no Daily Telegraph em 22 de maio.
Entretanto, o Daily Telegraph não incluiu sacerdote algum na denúncia. O jornal inglês citou declarações do Pe. Amorth publicadas pelo diário italiano La Stampa no mesmo 22 de maio e mencionou que no desaparecimento de Orlandi um policial que prestava serviços no Vaticano e funcionários estrangeiros de uma embaixada teriam estado envolvidos.
A difamatória tradução de Castroviejo foi considerada como notícia por diversos meios espanhóis e mundiais que difundiram como comprovada a participação de sacerdotes tanto em orgias dentro da Santa Sé como no desaparecimento e provável assassinato da jovem.
Mas aqui não termina a história de horror. No domingo 27 de maio, o portal ReligiónDigital.com –porta-voz do "progressismo radical" espanhol e dirigido pelo ex-sacerdote José Manuel Vidal– recolheu as invenções de Castroviejo e as ampliou.
ReligiónDigital.com publicou a nota titulada "O exorcista da Santa Sé: ‘Emanuela Orlandi foi escrava sexual no Vaticano’" na qual difama falecido Monsenhor Simeone Duca, que trabalhou no arquivo do Vaticano há três décadas, assinalando-o como o recrutador de jovens para orgias.
"Em entrevista com o jornal italiano La Stampa, o sacerdote de 85 anos e chefe de exorcistas do Vaticano nomeado pro João Paulo II, disse que Mons. Duca, arquivista do Vaticano, apresentou-se a si mesmo como o encarregado de recrutar meninas e jovens para reuniões clandestinas desta natureza, ajudado por guardas do estado papal", afirmou ReligionDigital.com.
A versão do Pe. Amorth
Tanto Castroviejo como ReligionDigital.com tergiversaram a nota original de La Stampa. O jornal italiano não entrevistou o Padre Amorth mas publicou um fragmento de seu livro "O último exorcista" no qual o sacerdote se refere ao caso Orlandi.
O que o Padre Amorth diz no livro –e como foi citado em La Stampa– foi literalmente:
O caso Orlandi
Emanuela Orlandi tinha apenas 15 anos de idade quando em 22 de junho de 1983 desapareceu no centro de Roma. Filha de um empregado do Vaticano. Seu paradeiro é até agora desconhecido e foram difundidos dezenas de rumores que tentam vincular o caso com bispos, sacerdotes e até com a captura de Ali Agca, o turco que tentou assassinar o Papa João Paulo II em 1981.
Versões jornalísticas atribuíram o desaparecimento à "Frente de Liberação Turca", que pediu a libertação de Agca, personagem quem em várias ocasiões assegurou que a jovem estava viva e que vivia na Europa.
Em 2005, Sabrina Minardi, identificada como ex-amante do chefe da máfia Enrico De Pedis, assassinado em um ajuste de contas em 1990, assinalou o mafioso como autor do seqüestro de Orlandi e insinuou que em sua tumba encontrariam provas do desaparecimento da jovem.
Em 2009, Minardi disse à Procuradoria de Roma que ela foi encarregada de introduzir a jovem em seu automóvel e levá-la até o lugar onde disse seu amante havia indicado, mas assegurou desconhecer o paradeiro final de Orlandi.
Há duas semanas, no dia 14 de maio, as autoridades abriram a tumba de Pedis na basílica de Santo Apolinário –onde seus familiares conseguiram enterrá-lo- e só encontraram os restos de um homem, que ainda estão sendo investigados para confirmar sua identidade.
No domingo passado, o irmão de Emanuela Orlandi junto com um grupo de amigos chegou até a Praça de São Pedro durante a oração do Regina Caeli para exigir que o Papa que se pronuncie sobre este caso, a pesar de que seu porta-voz, o Padre Federico Lombardi, já havia manifestado duas semanas atrás que a Santa Sé seguirá ajudando os investigadores em tudo o que for possível.
No dia 15 de maio, o Padre Lombardi declarou à imprensa que "a inspeção realizada na tumba do Enrico De Pedis na basílica de Santo Apolinário, de Roma, por iniciativa da magistratura , é obviamente, um fato positivo".
O porta-voz pediu para que fossem dados "todos os passos possíveis" para concluir as investigações e garantiu à magistratura romana a "plena colaboração das autoridades eclesiásticas" para esclarecer o caso.
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