O bispo de Matagalpa, Nicarágua, dom Rolando Álvarez, foi condenado em 10 de fevereiro a 26 anos e quatro meses de prisão por ser "traidor da pátria". As autoridades do país não informaram onde ele está.

Álvarez, que se recusou a ser deportado com 222 outros presos políticos enviados para os EUA, estaria em uma cela de segurança máxima na prisão "La Modelo".

No entanto, não está claro qual é o seu paradeiro exato.

"As condições de saúde física e mental do bispo Rolando Álvarez são desconhecidas", disse ontem (7) a advogada e pesquisadora da Nicarágua, Martha Patricia Molina, à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI.

“Seus parentes e autoridades da Igreja Católica pediram para visitá-lo ou entregar comida e água; e o pedido foi negado pelas autoridades do sistema penitenciário da Nicarágua”, disse.

"Sabemos que ninguém que esteja nas condições em que o bispo está, pode estar bem", concluiu Molina, que é a autora do relatório "Nicarágua: uma igreja perseguida?", que denuncia que a Igreja no país centro-americano sofreu 396 ataques nos últimos anos.

Lesther Alemán, um universitário que foi preso por acusar Daniel Ortega e sua esposa Rosario Murillo pelo massacre de jovens nos protestos de 2018, denunciou no sábado (4) no Twitter que as autoridades negaram que dom Álvarez está na prisão La Modelo.

"Hoje, as autoridades de 'La Modelo' não permitiram entregar água a dom Álvarez. Eles também negaram que nosso bispo esteja lá”.

“Sua família não sabe o paradeiro, porque em todos os lugares eles negam. Que o regime responda! Onde está dom Álvarez?”, disse Lesther que agora mora nos EUA.

“Dom Álvarez, os jovens estamos com você. Sua fortaleza nos dá força! Seus ensinamentos são nossa convicção. Nossa luta é justa! Aqueles que o atacam, o caluniam e o prendem estão enfrentando a Deus”, disse Lesther em outro tuíte.

Na sexta-feira (3), o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ONU) pediu ao governo da Nicarágua a libertação do bispo Rolando Álvarez e de outros presos políticos: “Fazemos um chamado ao Estado da Nicarágua que liberte incondicionalmente as 37 pessoas que ainda se encontram arbitrariamente privadas de liberdade, entre elas dom Álvarez, cujo estado de saúde é desconhecido”, diz o Escritório numa atualização sobre a situação da Nicarágua.

Também exortou o regime de Daniel Ortega a "restaurar a nacionalidade e outros direitos civis, políticos, sociais e econômicos às mais de 300 pessoas afetadas pelas recentes decisões".

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