O seminarista Rafael Cruz Débora, de 26 anos, foi detido na sua própria casa ao final da madrugada da segunda-feira por agentes do governo de Cuba, na província de Matanzas. Seu paradeiro é desconhecido até o momento. Vários militantes foram presos depois dos protestos massivos na segunda-feira, os maiores contra o regime comunista cubano desde sua instalação em 1959.

Rafael Cruz é seminarista e estuda teologia em Havana. Ele “estava de férias na casa de seus pais”, em Matanzas. “Não se sabe com segurança onde ele está”, disse o padre Rolando Montes de Oca, da arquidiocese de Camagüey, à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI. “Entraram em sua casa às cinco da manhã. Dizem que ele foi detido violentamente e ainda não sabemos para onde foi levado”, informou o padre.

A página 14ymedio.com afirmou que se multiplicaram, desde as primeiras horas da segunda-feira, “as denúncias de detenções, repressão e violência policial, sem muitos detalhes. A informação chega a conta-gotas porque o serviço de internet continua cortado na ilha”.

Entre os detidos em Havana estão: “Raúl Prado, Yunior García, Solveig Font, Gretel Medina, Juan Carlos Calahorra, Daniel Triana e Reynier Díaz, que haviam sido detidos em frente ao Instituto Cubano de Rádio e Televisão”.

“A namorada de García, Dayana Prieto Espinosa, informou por telefone à 14ymedio que alguns, entre eles seu parceiro, foram espancados na prisão”, informou a página.

ACI Prensa apurou que, em Camagüey, também foram detidos Yasmani González Aguilar, Leonardo Fernández Otaño, Manuel Alejandro Rodríguez Yong, Neife María Rigau Chiang e Henry Constantín.

Uma fonte vinculada à Igreja em Cuba informou que “os jovens católicos Manuel Yong e Leonardo Fernández foram levados presos para Havana”.

O porta-voz do Movimento Cristão Libertação (MCL), Regis Iglesias, denunciou que “a cineasta Gretel Medina Mendieta, mãe de dois filhos pequenos e filha de Juan Felipe Medina, membro do Conselho Coordenador do MCL, foi sequestrada pela polícia política”. “Responsabilizamos a polícia política pela integridade física e psicológica de Gretel. Onde está Gretel? Libertem-na!”, exigiu o movimento.

Em sua conta no Twitter, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) publicou, no domingo, um chamado para que “o Estado de Cuba cumpra com suas obrigações relativas aos direitos humanos, em particular ao direito de protestar. Além disso, reitera a recomendação de abertura democrática da ilha e seu dever de compatibilizar a institucionalidade com os padrões interamericanos”.

A CIDH afirmou que, ao monitorar a situação em Cuba, “recebeu relatos sobre uso da força, detenções, agressões a manifestantes e jornalistas, além de cortes do sinal da internet”, considerando que essas são “reações estigmatizantes por parte de altas autoridades contra pessoas que se manifestam”.

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