O Bispo Prelado de Moyobamba (Peru), Dom Rafael Escudero López-Brea, lembrou que o essencial na Amazônia é o anúncio explícito de Jesus Cristo, para que os povos e culturas da região sejam impregnados da salvação que vem de Deus.

“A proposta que fiz no Sínodo é de profunda evangelização, de um anúncio explícito de Jesus Cristo, filho de Deus, nosso Salvador, através da pregação, do ensino e da caridade, para que os povos e as culturas sejam impregnados da salvação, que nos vem de Jesus Cristo”, disse o Prelado na coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, 15 de outubro, na Sala Stampa do Vaticano.

Desse modo, continuou o Prelado de origem espanhola, haverá um “povo evangelizado, qualquer que seja a cultura”, da qual possam surgir “carismas para os ministérios ordenados: presbíteros, diáconos assim como para os ministérios não ordenados e serviços na Igreja".

O Bispo também enfatizou que, “graças a Deus, pelo que escuto no Sínodo, nossos leigos e leigas estão muito comprometidos nos serviços eclesiais e na pregação da palavra, dos leitores, ministros da comunhão e tudo isso é um motivo de esperança e agradecimento a Deus”.

Depois de compartilhar que é a primeira vez que participa de um Sínodo e que este é um espaço para “caminhar juntos”, Dom Escudero se referiu ao tema do rosto amazônico da Igreja.

“No Sínodo, fala-se muito do rosto amazônico da Igreja e, nesse sentido, estão surgindo propostas para que sejam as próprias dioceses, que estão mais organizadas e contam com mais sacerdotes, as que comecem a cuidar dos vicariatos e prelaturas, precisamente para que toda a atividade evangelizadora que se fez da Europa ou Estados Unidos, vá progredindo, para que a Igreja na Amazônia vá tendo um rosto próprio: bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, que já está acontecendo, não é que não tenha nada”, explicou.

“Como dizia o Papa João Paulo II, estamos nos começos. Já está acontecendo, temos a esperança de que as igrejas que têm bispos europeus como nós, tenham depois bispos próprios”, continuou.

Sobre a possibilidade da criação de um rito indígena ou amazônico, o Prelado de Moyobamba indicou que “o Sínodo está falando da inculturação da liturgia, não está pedindo um rito litúrgico diferente ao que a Igreja tem, mas que a Igreja recebeu do Senhor e dos apóstolos a Eucaristia, o essencial, e depois ao longo da história, este núcleo foi se desenvolvendo com o que se chama em liturgia de ritos complementares”. 

“Quando se fala sobre essa possibilidade, fala-se em introduzir na celebração da Eucaristia alguns ritos que não afetem a celebração, porque, caso contrário, estaríamos estragando o sacramento, mas sim se pode enriquecer com ritos ou símbolos, também com alguns ornamentos, para que os povos amazônicos possam celebrar a santa Eucaristia com suas próprias peculiaridades”, ressaltou.

Sobre este assunto, o Vigário Apostólico de Pando (Bolívia), Dom Eugenio Coter, comentou alguns elementos que têm a ver, por exemplo, com o uso de incenso.

“Nós, na liturgia latina, usamos o incenso em uma solenidade, que é um sinal da presença de Deus. A palavra e as pessoas são incensadas porque são imagens de Deus. Em algumas culturas, o incenso não significa isso, mas a expressão de subir ao céu. Quem faz a oração coloca o incenso e mostra que esta oração vai ao céu”, indicou.

O Vigário disse ainda que é possível que mais adiante, no Sínodo, sejam criadas “comissões para criar um método e dar um rosto amazônico à liturgia, o que será feito reconhecendo a cultura local de cada grupo étnico, prestando atenção que a palavra de Deus e outros elementos não mudam”.

Esses elementos, concluiu, "são elementos estruturais que não foram alterados em 2 mil anos e que serão mantidos, e há outros que poderão ser estudados e aprofundados de maneira que falem ao povo”.

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