Mayra Rodríguez, mexicana que se tornou líder pró-vida depois de deixar a multinacional de aborto Planned Parenthood, participou do evento que ocorreu em frente à Suprema Corte dos EUA em 1º de dezembro, na audiência do caso com potencial de reverter a sentença Roe x Wade, que abriu as portas para o aborto legal no país há 48 anos.

Outros líderes pró-vida dos EUA, como Abby Johnson, que também deixou a Planned Parenthood e cujo testemunho foi mostrado no filme “Unplanned”; e Alveda King, sobrinha de Martin Luther King Jr, participaram da manifestação.

Os milhares de defensores da vida usavam roupas azuis, lembrando a “onda celeste” pró-vida latino-americana.

Convocados pela Planned Parenthood, os defensores do aborto que também se reuniram em frente ao tribunal, usaram roupas e lenços verdes.

Mayra Rodríguez disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, que há alguns anos ela estava no mesmo lugar, junto com a então presidente da multinacional do aborto, Cecile Richards, para defender essa agenda. Ela chegou a ser premiada como "Funcionária do Ano" por Planned Parenthood.  

Com essa experiência, Mayra disse que no último dia 1º de dezembro, chegaram mais pessoas “a favor da vida que do lado contrário”.

"Eu não vi essa onda massiva" de defensores do aborto, disse ela, observando que os pró-vida eram "pacíficos, cantando coisas pacíficas".

 A Suprema Corte dos Estados Unidos ouviu na quarta-feira, 1º de dezembro, os argumentos orais no caso Dobbs x Jackson Women's Health Organization, sobre uma lei do Mississipi que proíbe o aborto após 15 semanas de gestação.

Uma decisão favorável à lei pró-vida do Mississippi pode afetar as sentenças de Roe x Wade, de 1973, e Planned Parenthood x Casey de 1992, em que a Suprema Corte reafirmou a primeira decisão e estabeleceu que "um Estado não pode proibir qualquer mulher de tomar a decisão final de interromper sua gravidez antes de sua viabilidade".

Nos EUA, um bebê é considerado "viável" fora do útero por volta das 24 semanas de gestação, embora nos últimos anos os bebês nascidos com cerca de 21 semanas de gestação tenham sobrevivido.

A Suprema Corte pode emitir uma decisão neste caso nos próximos meses.

Mayra Rodríguez destacou que "há muita esperança" em uma decisão pró-vida e garantiu que, se vitoriosa, Dobbs x Jackson “abre as portas para que em cada estado possamos introduzir legislação desse tipo”.

Desta forma, ela continuou, poderia se reverter o alcance de Roe x Wade e "olhar para um mundo mais parecido com o Texas", onde desde setembro deste ano foi implementada com sucesso uma lei que proíbe o aborto logo que seja possível ouvir o coração do bebê no útero, o que costuma ocorrer por volta da 6ª semana de gestação.

Mas a “esperança”, disse, é ainda mais ambiciosa: “Fazer que o aborto não exista, que seja impensável, que as mulheres não o queiram. Isso seria genial, mas é um longo caminho a ser percorrido”.

Para Mayra, que no dia 3 de outubro participou das manifestações pró-vida na Cidade do México, o mundo “está de olho em nós, e esta é a hora de mostrar a eles que os EUA podem ser pró-vida e podem defender o nascituro”.

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“Estamos diante de uma nova onda do movimento pró-vida, acho que estamos mais fortes do que nunca”, disse, observando que no dia 1º de dezembro, entre os milhares de defensores da vida reunidos em frente à Suprema Corte dos EUA, “havia muitos jovens, muitos ateus, muitas pessoas que não pertencem a nenhuma religião”.

Mais do que um “movimento religioso”, destacou, “este é um movimento de todos nós que amamos e defendemos o ser humano”.

No caso dos hispânicos, destacou, "adoramos ser uma família numerosa, é isso que somos".

“Somos conhecidos porque gostamos de ter famílias grandes, gostamos que nossos filhos possam dizer 'tenho 20 primos'”, brincou.

“Essa é a nossa cultura”, insistiu, e alertou que o aborto “é um ataque à nossa cultura”.

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Isso, disse ela, foi o que a levou a fazer parte da plataforma pró-vida de dentro do Partido Democrata.

"Temos que mudar esse partido à força, temos que dizer aos democratas que não haverá votos se eles não forem pró-vida", disse.

"E se isso significa que os Republicanos ganham, então eles verão as consequências”, acrescentou.

Mayra destacou que com esta iniciativa ela busca "abrir os olhos dos latinos e dizer a eles 'você pode votar em alguém que promete algo para o imigrante se ao mesmo tempo eles estão prometendo leis extremas de aborto?’".

“Se um político não está disposto a proteger os mais vulneráveis, que são os nascituros, não está disposto a fazer nada pelo imigrante”.

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