O Núncio Apostólico na Síria, Cardeal Mario Zenari, pediu cautela e oração após o jornal britânico ‘The Times’ informar que o sacerdote jesuíta Paolo Dall'Oglio, sequestrado em julho de 2013, e outros dois reféns do Estado Islâmico (ISIS) estariam vivos.

Citando autoridades curdas, ‘The Times’ informou no dia 7 de fevereiro que o jornalista britânico John Cantlie, Pe. Dall'Oglio e mais uma pessoa estão em poder do ISIS e que os terroristas estariam buscando fazer um acordo com as forças curdas-árabes apoiadas pelos Estados Unidos para poderem escapar em troca de libertar os três reféns.

Em Damasco, o Cardeal Zenari disse ao jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano (LOR), que "se a notícia de que o Padre Dall'Oglio está vivo fosse verdade, seria algo maravilhoso que nos encheria de alegria. Não podemos negá-la, mas é melhor recebê-la com cautela e rezar para que isso aconteça a qualquer momento".

"Desde o dia de seu sequestro em 29 de julho de 2013 até hoje, vimos várias confirmações e negações que agora fazem com que nós não nos precipitemos. Quando soube que as forças norte-americanas estão prestes a fechar o cerco ao redor dos milicianos do Estado Islâmico, pensei que saberemos a verdade em breve", acrescentou.

Em 6 de fevereiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que espera que as últimas áreas controladas pelo ISIS na Síria sejam recuperadas dentro de uma semana.

"O Exército dos Estados Unidos, nossos parceiros da coalizão e as Forças Democráticas da Síria libertaram praticamente todo o território que o Estado Islâmico tinha anteriormente na Síria e no Iraque", disse Trump a altos funcionários de mais de 70 países que se reuniram em Washington.

Segundo a AFP, Trump indicou que "deve ser anunciado formalmente na próxima semana que teremos 100% do califado".

O Cardeal Zenari também disse a LOR que não se pode esquecer que, "além do Padre Paolo, quatro outros clérigos foram sequestrados nesses anos e devemos continuar rezando por eles e por suas famílias. Talvez todos possam estar vivos e as notícias possam ser ainda mais belas”.

O Cardeal se referiu assim aos bispos ortodoxos Gregorious Yohanna Ibrahim e Paul Yazigi; e a dois sacerdotes: um católico armênio e um ortodoxo grego.

Pe. Dall'Oglio, indicou o Núncio na Síria, "expressava sua posição sem meias verdades, tanto que foi expulso pelo governo. Era um opositor sem ‘papas na língua’. Sua posição era clara e ele sempre expressou isso. Tenho certeza de que, se esta bela notícia que circula neste momento for confirmada, aqui na Síria muitos festejariam, considerando também que os cristãos que ficaram são muito poucos e os outros dificilmente voltarão ".

O diretor interino da Sala de Imprensa do Vaticano, Alessandro Gissoti, disse que "a única coisa que podemos dizer neste momento é que continuamos a rezar para que o Padre Paolo esteja vivo".

"Associo-me às palavras de esperança proferidas nesta manhã pelo Núncio Apostólico da Síria, o Cardeal Mario Zenari" e "destaco também a proximidade do Papa para com a família, que foi recebida no Vaticano há poucos dias", acrescentou Gissoti.

O Papa Francisco se reuniu em 30 de janeiro, na Casa Santa Marta, com a mãe, quatro irmãs e um irmão do Padre Dall'Oglio, conhecido por seu compromisso com o diálogo inter-religioso e por ter refundado na Síria a comunidade monástica católica-síria nos anos 1980.

O sacerdote foi expulso da Síria com um decreto em 12 de junho de 2012, mudou-se por um breve período a Sulaymany, na região do Curdistão iraquiano, onde foi recebido pela nova fundação monástica de Deir Maryam al Adhra.

Depois de voltar para a Síria para realizar tratados de libertação de um grupo em Raqqa, Pe. Dall'Oglio desapareceu em 29 de julho de 2013 e desde então não há notícias sobre ele.

Atualmente, cerca de 12 milhões de sírios, quase metade da população total, vivem fora de suas casas. Destes, cerca de 6,5 milhões são deslocados internamente, enquanto os outros 5,5. milhões são refugiados nos países vizinhos.

O Cardeal Zenari pediu fornecer a essas pessoas assistência espiritual, psicológica e humanitária. Ele disse que não se deve esquecer "que 70% da população vive em condições de extrema pobreza. Devemos pensar nessas pessoas, elas são a nossa prioridade".

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