Enquanto a Igreja Católica ensina que realizar um aborto é sempre imoral, a maioria dos católicos nos Estados Unidos não acredita que o aborto seja intrinsecamente mau e diz que deve ser legal na maioria dos casos.

De acordo com uma pesquisa de Real Clear Opinion Research, patrocinada por EWTN e publicada na segunda-feira, apenas 47% dos católicos nos Estados Unidos acreditam que o aborto é "intrinsecamente mau", enquanto 53% opinam o contrário.

Do total de entrevistados, 51% afirmam que o aborto deve ser legal na maioria dos casos, 31% indicam que deve ser legal, exceto no último período da gravidez, e 20% opina que deve ser sempre legal.

A pesquisa com 1.512 eleitores católicos registrados foi realizada entre 28 de janeiro e 4 de fevereiro de 2020 e os católicos norte-americanos foram perguntados sobre diversos assuntos, incluindo a afiliação política, o candidato presidencial preferido, a moralidade do aborto e as práticas religiosas.

Os católicos nos Estados Unidos têm menos probabilidades de apoiar o aborto legal do que os norte-americanos em geral. De acordo com as pesquisas Gallup de 2019, 25% dos norte-americanos pensam que o aborto deveria ser "legal em qualquer circunstância", enquanto apenas 20% dos católicos assumem essa posição, de acordo com a pesquisa desta segunda-feira.

Porém, enquanto 21% da população acha que o aborto deve ser "ilegal em todas as circunstâncias", segundo a pesquisa da Gallup, apenas 11% dos católicos pensam da mesma forma.

O professor visitante de Pesquisa Social e Ciências Políticas da Universidade Católica da América, Michael New, assinalou à CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que a prática religiosa, não a autoidentificação, é o indicador mais forte de opinião sobre o aborto.

"O indicador mais forte" para os católicos é a "participação na Missa", assinalou.

Entre os católicos que participam da Missa semanalmente, 55% responderam que o aborto deve ser ilegal em todos ou na maioria dos casos, dos quais 35% disseram que o aborto deveria ser ilegal, exceto nos casos de estupro, incesto ou "para salvar a vida da mãe", e 20% disseram que o aborto deveria sempre ser ilegal.

Entre os católicos que assinalam aceitar tudo o que a Igreja Católica ensina e que suas vidas se baseiam na doutrina da Igreja, um número substancial de 27% afirmou que o aborto deveria ser legal em todos os casos, e 15% opinou que deveria ser legal, exceto no último período da gravidez. A maioria indicou que o aborto deveria ser ilegal em todos ou na maioria dos casos.

Mais de sete em cada dez católicos que participam da Missa dominical e assinalam que aceitam todos os ensinamentos da Igreja acreditam que o aborto é intrinsecamente mau e 66% daqueles que participam de uma Missa semanal adicional coincidem em sua opinião.

"O termo 'intrinsecamente mau' não é muito usado" na sociedade, comentou New à CNA, portanto, este termo poderia parecer “desnecessariamente duro” para descrever o aborto se os católicos não estão bem formados na linguagem da teologia moral.

Os católicos das gerações X, Y e Z são um pouco menos propensos do que os católicos das gerações Boomer e Silenciosa a acreditar que o aborto é intrinsecamente mau.

Os católicos hispânicos apresentam perspectivas sobre o aborto semelhantes aos católicos em geral. Desses, 21% assinalam que o aborto deveria ser legal em todos os casos, enquanto 32% opinaram que deveria ser legal, exceto no último período da gravidez. Apenas 48% disseram que o aborto é intrinsecamente mau.

As crenças sobre o aborto variam significativamente entre as afiliações dos partidos políticos. Os católicos que se identificaram como republicanos são mais propensos a dizer que o aborto é intrinsecamente mau. Nesse subconjunto, apenas 37% disseram que deveria ser legal na maioria dos casos, enquanto 61% disseram que sempre deveria ser ilegal.

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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