O governo da Nicarágua anunciou ontem (13) que no dia 10 de janeiro será a primeira audiência pública contra o bispo de Matagalpa, Nicarágua, dom Rolando Álvarez, acusado de conspiração e difusão de notícias falsas. A acusação formal só foi feita agora, 110 dias depois de sua prisão.

Dom Álvarez está em prisão domiciliar em Manágua. Ele foi preso em 19 de agosto em sua casa em Matagalpa depois de um cerco policial que bloqueou a sede da diocese por quinze dias.

Em comunicado, a Diretoria de Imprensa e Relações Públicas do Complexo Judicial Central de Manágua informou que em 13 de dezembro "nos tribunais penais de Manágua, foi admitida a acusação apresentada pelo Ministério Público" contra o bispo de Matagalpa.

Álvarez foi acusado “pelos crimes de conspiração por atentar contra a integridade nacional e divulgar falsas notícias através das tecnologias de informação e comunicação em detrimento do Estado e da sociedade nicaraguense”.

Segundo o jornal nicaraguense El Confidencial, com essas mesmas acusações o governo do presidente Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda que soma 29 anos no poder, já "condenou mais de 40 presos políticos".

Dom Rolando Álvarez durante audiencia / Poder Judicial de Nicaragua.

A nota de imprensa também informa que “a autoridade judiciária nomeou um defensor, decretou sua prisão domiciliar e marcou audiência de instrução para 10 de janeiro de 2023”.

No mesmo caso, foi acusado o padre Uriel Antonio Vallejos, diretor da Rádio e Canal Católico Sébaco, fechado pelo governo em 1º de agosto. Vallejos está exilado.

O poder judiciário declarou Vallejos um "foragido da justiça" e pediu a sua captura à Interpol.

Nos últimos meses, o governo nicaraguense aumentou sua perseguição contra a Igreja Católica. Estão presos ou exilados vários padres, o núncio apostólico foi expulso, assim como congregações religiosas, e vários meios de comunicação católicos foram fechados.

Confira também: