O presidente da Conferência Episcopal Mexicana (CEM), Cardeal José Francisco Robles Ortega, assinalou que o povo do México não apoia antivalores nem condutas criminais como o aborto.

"Diante das declarações de alguns políticos que querem ampliar ainda mais as causas para o aborto, diminuir a natureza do casamento entre homem e mulher, ou restringir algumas liberdades fundamentais, muitos católicos e não católicos se manifestaram sob sua própria responsabilidade em um mesmo dia para proclamar que o povo não está de acordo com antivalores e condutas criminais", disse o Cardeal em seu discurso de abertura da Assembleia Geral da CEM na segunda-feira, 12 de novembro.

Em 20 de outubro, cerca de um milhão de pessoas foram às ruas de 100 cidades para se unir à “Onda Celeste México" em defesa da vida, da família e das liberdades fundamentais.

Desde a vitória de Andrés Manuel López Obrador (AMLO), seu partido político, Morena, se declarou a favor do aborto e da ideologia de gênero. O novo presidente assumirá o cargo em 1º de dezembro.

Deputados e senadores de Morena, que assumiram o cargo em 1º de setembro com maioria parlamentar em ambas as câmaras, ofereceram legalizar o aborto em todo o país e promovem atualmente o que a Frente Nacional pela Família considera uma "lei da mordaça", que buscaria silenciar todos os que se opõem à ideologia de gênero.

“A Onda Celeste México ocorreu em toda a República Mexicana. Parabéns a todos aqueles que exerceram hoje uma autêntica cidadania da família, que abraçou o valor da vida, da família e das liberdades", disse em 20 de outubro Rodrigo Iván Cortés, presidente da Frente Nacional pela Família, organização que convocou a manifestação multitudinária.

Em seu discurso aos bispos mexicanos, o Cardeal Robles lembrou que "não trabalhamos com um vazio de valores ou a partir de uma falta de experiência religiosa na sociedade. A fé do nosso povo ainda é palpável. A solidariedade social ativa emerge de maneiras diversificadas".

O também Arcebispo de Guadalajara ressaltou que "nós, como pastores, devemos fortalecer e tornar mais maduro o povo do México. Há muitas coisas em jogo. E o Senhor também nos deu um grande dom e responsabilidade".

"No futuro imediato, todos teremos que renovar os nossos argumentos e ideias para tornar mais compreensível a necessidade de respeitar o direito à vida desde a concepção até a morte natural", afirmou.

O Arcebispo também encorajou a "fazer com que mesmo os não crentes redescubram a verdade, o valor e a beleza do casamento heterossexual e a importância de amadurecer em uma cultura e uma legislação de verdadeiro respeito e promoção do direito humano à liberdade religiosa".

"Em um novo contexto político atual, é necessária uma nova atitude nossa, dos bispos: respeito sincero às autoridades legitimamente constituídas; colaboração em todos os temas comuns que possamos encontrar; e uma boa distância para evitar cooptações indevidas que acabam prejudicando tanto o Estado quanto a Igreja", continuou.

O Purpurado sublinhou que "a Igreja não busca nenhuma jurisdição especial. O Estado deve ser leigo, ou seja, não deve promover a religião ou a irreligião. Mas o Estado deve ser leigo para que a sociedade seja tão religiosa quanto quiser ser".

O presidente da CEM também escreveu duas mensagens em sua conta no Twitter, nas quais manifesta a sua oposição à aprovação do aborto.

"A aprovação do aborto é condicionar os direitos humanos a critérios subjetivos", destacou em 12 de novembro. Um dia antes assinalou que aprovar este infanticídio "é proclamar que só na medida em que as pessoas sejam desejadas, vale a pena que sejam sujeitos de direitos".

Abusos sexuais na igreja

O presidente da CEM também dedicou uma parte do seu discurso ao tema dos abusos sexuais na Igreja Católica.

"Em todas as Igrejas particulares estamos muito obrigados a proceder, especialmente tratando-se dos casos de abusos sexuais, conforme ao direito e sem demora, compreendendo que nenhum membro da Igreja está em uma espécie de 'parêntese' em relação às exigências da justiça que nascem da dignidade inalienável da pessoa humana", ressaltou.

"A experiência que os bispos de outras conferências episcopais tiveram sobre estes temas delicados anteriormente devem servir a todos individualmente, e à Conferência Episcopal como um todo, a fim de evitar erros que cedo ou tarde causarão consequências pastorais imensas na fé do povo de Deus".

"O Papa foi o primeiro a afirmar com coragem acerca da tolerância zero frente a estes crimes", destacou o Purpurado.

O Arcebispo recordou que a CEM "aprovou durante este triênio as Diretrizes do Procedimento a Seguir em Casos de Abusos Sexuais de Menores por parte de Clérigos, e o Protocolo para a Proteção de Menores. Ambos os documentos nos oferecem critérios para a prevenção e, dependendo do caso, sanção canônica e criminal contra a pessoa responsável por um crime deste tipo, oferecendo todo o apoio e assistência à vítima e a sua família".

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Os jovens

O Cardeal Robles também se referiu ao recente Sínodo dos Jovens realizado no Vaticano em outubro deste ano, sob a presidência do Papa Francisco, a quem reiterou sua obediência e proximidade.

"Por que isto é importante para nós? Porque, de certo modo, a nossa atenção aos jovens é o nosso compromisso com o presente e o futuro. Porque eles assumem de maneira especial o novo contexto cultural emergente. Porque a atenção pastoral que oferecemos aos jovens é um sinal de como anunciamos o Evangelho de maneira relevante seguindo o modelo que a Virgem de Guadalupe nos oferece", disse o Cardeal.

"Não existe melhor maneira de melhorar o Projeto Global de Pastoral 2031-2033 da Conferência Episcopal Mexicana do que anunciando o Evangelho com novos métodos, novas linguagens e novo ardor aos jovens do nosso país", continuou.

"Eles, em 2031, serão a oferta que poderemos entregar nas mãos de Maria para que o México ressurja como uma nação forte, próspera e fiel à sua identidade e vocação".

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