O papa Francisco encorajou os médicos a “colocar a pessoa doente à frente da doença”, algo “fundamental para um tratamento que seja verdadeiramente abrangente, verdadeiramente humano”, algo que, “o beato Álvaro del Portillo incentivou: a colocar-se todos os dias a serviço das pessoas em sua totalidade”. Francisco falava no Palácio Apostólico do Vaticano um grupo de membros da Fundação Universitária Biomédica, da Universidade Campus Biomédico de Roma, Itália.

O Campus Biomédico é uma universidade localizada em Roma, Itália, que foi promovida pelo beato Álvaro del Portillo, de acordo com a espiritualidade da prelazia do Opus Dei.

Durante o encontro, o papa lembrou que o dia 18 de outubro celebra São Lucas, “que o apóstolo Paulo chama de 'o médico amado'”.

“O amor pelo homem, especialmente em sua condição de fragilidade, na qual brilha a imagem de Jesus Crucificado, é específico de uma realidade cristã e nunca deve ser perdido”, afirmou.

O papa Francisco destacou que tanto a Fundação Universitária Biomédica como as instituições de saúde católicas em geral são chamadas a "testemunhar com os fatos que não existem vidas indignas ou descartáveis, porque não atendem a um critério de utilidade ou exigência de lucro".

“Estamos vivendo uma cultura do descarte, é isso que se respira e devemos reagir contra essa cultura de descarte”, disse.

Segundo Francisco, “toda estrutura hospitalar, particularmente as de inspiração cristã, deve ser um lugar onde se pratica a cura da pessoa e onde se pode dizer: ‘Aqui não se vê apenas médicos e pacientes, mas pessoas que se acolhem e se ajudam mutuamente: aqui se encontra a terapia da dignidade humana’. E com esta não se negocia, se defende sempre”.

O papa também incentivou a colocar a pessoa no centro sem esquecer a importância da ciência e de um “desenvolvimento humano da pesquisa” especialmente com as chamadas “doenças raras, que não se sabe o que são porque não se pesquisou para as compreender”.

O papa Francisco também assegurou que a pandemia nos mostrou a importância de nos conectar, de colaborar e de enfrentar juntos os problemas comuns.

“A assistência médica católica tem e precisará cada vez mais estar em uma rede. Não é mais hora de seguir o próprio carisma de forma isolada. A caridade requer um dom: o conhecimento deve ser partilhado, a competência deve ser participada, a ciência deve ser em comum”, afirmou.

E é por isso que garantiu em relação às vacinas que “há uma necessidade urgente de ajudar os países que têm menos”, o que “deve ser feito a longo prazo, não apenas motivados pela pressa das nações ricas em se sentirem mais seguras".

“Os remédios devem ser distribuídos com dignidade, não como esmolas por piedade. Para fazer um bem real, precisamos promover a ciência e sua aplicação integral: compreender os contextos, implementar os tratamentos, desenvolver a cultura da saúde. Não é fácil, é uma verdadeira missão, e espero que a assistência à saúde católica seja cada vez mais ativa neste sentido, como expressão de uma Igreja extrovertida e em saída”, disse.

Por isso, encorajou os membros do Campus Biomédico a “continuarem nesta direção, acolhendo o seu trabalho como um serviço às inspirações e surpresas do espírito, que ao longo do caminho se faz encontrar com tantas situações necessitadas de proximidade e de compaixão".

Confira também: