A rainha Lúcia é um dos personagens mais importantes da saga de fantasia ‘As Crônicas de Nárnia”, escrita por C.S. Lewis. Ela foi a primeira dos quatro irmãos Pevensie a descobrir o mundo de Nárnia, onde viveu aventuras incríveis. O que poucos sabem é que ela existiu na vida real: foi uma beata italiana que recebeu os estigmas.

A personagem é inspirada na mística Lúcia de Nárnia. A tradução em inglês de Lúcia é Lucy; Narni é uma cidade localizada entre Assis e Roma, na Itália.

O biógrafo de C.S. Lewis, Walter Hooper, explica que o escritor visitou Narni e como ele gostou do nome latino (Narnia), decidiu usá-lo para o seu mundo de fantasia.

Assim como Lúcia de Nárnia acreditava em Aslan, o personagem do leão que pode ser entendido como uma representação de Cristo no livro, a Beata Lúcia foi uma menina muito piedosa, que tinha uma fé muito grande, que resistiu as várias adversidades que passou.

Lúcia nasceu em Narni no final do século XV, em uma família nobre. Quando criança, dedicava-se à oração e se entretinha decorando altares e orando.

Quando tinha cinco anos, estava rezando diante da imagem da Virgem em uma igreja e lhe pediu que lhe desse o menino que levava nos braços. O menino de Pedro se tornou um menino de carne e Lúcia cuidou dele durante três dias, até que ele regressou por seus próprios meios para seu lugar no templo.

Também teve muitas visões nas quais lhe apareceram os santos. Em seu coração surgiu o desejo de fazer um voto de castidades e consagrou seu coração a Deus. Lúcia rejeitou vários pretendentes. No entanto, um dia a Virgem Maria lhe disse em uma visão que devia ser como ela: casada e virgem.

Quando era adolescente, seu pai morreu e seu tio decidiu casá-la imediatamente. Foi prometida ao Conde Pietro de Milão, que era amigo de sua família. Ele aceitou que Lúcia mantivesse seu voto de castidade sendo sua esposa.

Além de suas obrigações como condessa, Lúcia se dedicou a servir aos pobres. Ela mesma preparava o pão lhes entregava, assistida por vários santos, segundo diz a tradição.

Manteve uma intensa vida de oração e penitência. Não se deixou deslumbrar pelo luxo de seu entorno e chegou a trabalhar como uma empregada a mais em sua casa.

Seu estilo de vida irritou seu marido, que começou a humilhá-la, chegando até mesmo a trancá-la em um porão por suas “extravagâncias”. Ao final, Lúcia partiu e foi admitida na Ordem Terceira dos Dominicanos.

Foi enviada para Viterbo e se tornou abadessa do convento. Ela continuou tendo visões místicas e ali recebeu os estigmas. Em uma ocasião, seu marido a visitou e, anos mais tarde, ele também ingressou na ordem dos franciscanos.

A pedido do Duque de Ferrara e por mandato do Papa Júlio II, Lúcia partiu para Ferrara, onde fundou um novo mosteiro e se dedicou a formar as jovens. Quando o duque morreu, as religiosas que estavam com ciúmes dela humilharam-na, caluniaram-na e a nova abadessa a confinou.

Todas estas penas não quebraram o espírito de Lúcia e ela continuou se mantendo firme no seu amor por Cristo durante os 38 anos seguintes que durou o seu confinamento. Sua saúde ficou debilitada e ela faleceu em 15 de novembro de 1544, aos 60 anos.

Quando abriram sua tumba anos depois, encontraram seu corpo incorrupto. Foi beatificada em 1710 pelo Papa Clemente XI.

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