O julgamento do cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, foi adiado porque o juiz do caso foi diagnosticado com covid-19.

O cardeal Zen, de 90 anos, deveria ser julgado a partir de segunda-feira (19) por seu papel como administrador de um fundo de ajuda pró-democracia, que o cardeal e outros cinco são acusados ​​de não registrar civilmente. O fundo ajudou os manifestantes pró-democracia a pagar suas taxas legais até ser dissolvido em outubro de 2021.

Hong Kong é uma região administrativa especial da China. Os habitantes de Hong Kong desfrutam de liberdade de culto e evangelização, ao contrário da China, onde a perseguição contra os cristãos dura décadas.

Pequim vem diminuindo as liberdades de Hong Kong. Milhões de cidadãos de Hong Kong, incluindo muitos católicos, participaram nos últimos anos de protestos pró-democracia em larga escala em Hong Kong, que chegaram ao auge no verão de 2019. Em 2020, uma ampla Lei de Segurança Nacional entrou em vigor criminalizando várias atividades antes legais.

O cardeal Zen liderou a diocese de Hong Kong de 2002 a 2009 e é um dos vários católicos de alto nível que enfrentaram o governo chinês nos últimos anos.

Figuras católicas pró-democracia como o cardeal Zen, o empresário dos meios de comunicação Jimmy Lai e o advogado Martin Lee chamaram a atenção da mídia por terem sido presos pelas autoridades chinesas.

O cardeal Zen é um defensor aberto da liberdade religiosa e da democracia e um forte crítico do acordo secreto assinado entre a Santa Sé e a China assinado em 2018 sobre a nomeação de bispos.

A mídia local informou no fim de semana que o julgamento, que deveria terminar em 23 de setembro com um veredicto, foi adiado em pelo menos dois dias porque o magistrado permanente Ada Yim Shun-yee contraiu a covid-19.

O cardeal aguarda o julgamento em liberdade sob fiança desde o início de maio.

Além do cardeal, a advogada Margaret Ng, a cantora e ativista Denise Ho, o acadêmico de estudos culturais Hui Po-keung, o ativista Sze Ching-wee e o ex-legislador Cyd Ho também foram acusados.

O regime comunista de Pequim acusa todos eles de não registrar corretamente o Fundo de Ajuda Humanitária 612, entre 16 de julho de 2019 e 31 de outubro de 2021.

Todos os réus se declararam inocentes. Cyd Ho já está preso por uma acusação diferente.

Os advogados de defesa alegam que os réus tinham o direito de se associar sob a Lei Básica de Hong Kong, a estrutura legal criada quando a Grã-Bretanha entregou sua ex-colônia à China em 1997.

Zen e seus cinco companheiros parecem não ter sido acusados ​​até agora sob a lei de segurança nacional de Hong Kong, que criminaliza amplamente "sedição" e "conspiração com forças estrangeiras", e que levaria a penas muito mais pesadas.

O julgamento será em chinês com argumentos finais em inglês, informou o meio HKFP em agosto. Sem a acusação da lei de segurança nacional, cada réu pode receber uma multa de cerca de US$ 1,75 mil, informou Asia News, serviço de notícias católicas para a Ásia.

Em meio ao julgamento do cardeal Zen, a Santa Sé continua trabalhando pela renovação do acordo China-Santa Sé para a nomeação de bispos, assinado pela primeira vez em 2018.

Esse acordo pretendia unificar os 12 milhões de católicos do país, divididos entre a Igreja clandestina e a Associação Católica Patriótica Chinesa, administrada pelos comunistas, e abrir caminho para a nomeação de bispos para as dioceses chinesas.

Apesar do acordo, a perseguição à Igreja clandestina continuou e, segundo alguns, se intensificou.

O secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Pietro Parolin, recentemente deu a entender à CNA, agência em inglês do Grupo ACI – que tem trabalhado para alterar alguns termos do acordo, embora não se saiba quais poderiam ser modificados, já que o documento ainda é secreto.

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