Em Berlim (Alemanha), um grupo de feministas assumiu a responsabilidade por incendiar o carro do blogueiro e jornalista alemão Gunnar Schupelius, que vem promovendo a participação na Marcha pela Vida em seu país com seus escritos no jornal ‘BZ’, onde trabalha.

O ataque foi realizado em 31 de dezembro em Berlim-Wilmersdorf por Feministische Autonome Zelle (FAZ), o grupo feminista que reivindicou o ataque através de uma publicação no blog alemão ‘Chronik’. O escrito também identificou onde Schupelius mora com seus filhos.

"Todo ano (Gunnar Schupelius) se mobiliza para a ‘Marcha pela Vida’ dos opositores ao aborto e reiteradamente deixa claro o que pensa sobre as mulheres e seus deveres (...). Hoje, incendiamos o seu SUV. A BMW SUV estacionada em frente ao seu apartamento em Wiesbadener Strasse, em Berlim-Wilmersdorf, pouco antes do cruzamento com o corso sudoeste. Schupelius mora lá com seus filhos no térreo”, indicou o grupo radical.

As feministas tentaram justificar o ato de violência dizendo: "... enquanto não se permita que as mulheres possam controlar seus corpos, perseguiremos os agitadores deste horror e nos vingaremos por sua propaganda de canibalismo social”.

As feministas disseram que o jornalista pró-vida descreverá o ataque como uma "agressão à liberdade de imprensa", no entanto, acusaram-no de ser ele quem ataca as mulheres, migrantes e homossexuais. “Eles vão nos acusar de terrorismo contra pessoas com 'opiniões diferentes', mas eles são precisamente os que preparam o caminho do terror contra as mulheres, os refugiados e também contra todos aqueles que ainda não perderam a esperança de um mundo livre para todos”, continua a publicação.

Segundo um meio local, o prefeito do distrito de Charlottenburg-Wilmersdorf, Reinhard Naumann, disse na quinta-feira, 2 de janeiro, que a suposta carta de confissão está sendo analisada pela Segurança do Estado.

Em um comunicado conjunto, o bispo evangélico, Christian Stäblein, e o Arcebispo de Berlim, Dom Heiner Koch, condenaram "energicamente" o atentado. “A liberdade de expressão e os direitos humanos são primordiais em nosso país. Estamos chocados e indignados com os violentos ataques contra o jornalista Gunnar Schupelius e as ameaças contra sua família”, expressaram.

Michael Robinson, diretor de Comunicações da Sociedade para a Proteção do Nascituro do Reino Unido (SPUC), uma das mais antigas e maiores organizações de defesa da vida do mundo, também criticou o ataque das feministas e assinalou que "o movimento pró-vida continua progredindo na Europa. No entanto, à medida que progride, o mesmo ocorre com os ataques contra pessoas pró-vida”.

Nesse sentido, assegurou que, apesar das tentativas de intimidação, os pró-vida continuarão com o seu trabalho “completamente pacífico” para “restaurar uma cultura de vida”.

O presidente da Associação Alemã de Jornalistas, Frank Überall, também condenou o ataque no Twitter. Ele descreveu o ato como "um ataque deplorável à liberdade de imprensa" e que "não há nada que os justifique".

Axel Lier, repórter policial de ‘BZ’, também comentou o ataque: “Você pode discutir sobre as opiniões, pode não gostar e não ler o ‘BZ’, sei lá. Mas este é o segundo ataque contra o carro do meu colega. Não mudam em nada, covardes!”.

Em 2014, de acordo com algumas notas de imprensa, o grupo radical também teria incendiado um carro de propriedade de Schupelius.

Em 27 de dezembro de 2019, o grupo feminista também atacou uma igreja evangélica em Tübingen e não se desculpou pelo uso da violência. Os danos causados à propriedade foram de cerca de 40 mil euros (aproximadamente 44 mil dólares), indicou um meio local.

O aborto é legal na Alemanha até 12ª semana de gravidez e depois disso, apenas quando existir risco para a saúde física ou emocional da mãe. É necessária uma consulta de acompanhamento obrigatória, seguida por um período de espera de três dias antes que a mulher possa abortar o bebê por nascer.

Todo mês de setembro, milhares de defensores pró-vida se reúnem pacificamente em Berlim para participar na Marcha pela Vida.

Segundo SPUC, a Marcha pela Vida de Berlim em 2019 reuniu oito mil pessoas. 

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