"A Humanae Vitae foi uma encíclica profética tanto como proclamação da verdade e confirmação consoladora para os fiéis, quanto testemunho para a Igreja e para o mundo”, expressou o Arcebispo Emérito de La Plata, Dom Héctor Aguer.

Na Universidade de Cuyo, em San Luis, Dom Aguer deu uma palestra intitulada "Humanae Vitae: atualidade de um documento esquecido", para refletir sobre a encíclica publicada em 25 de julho de 1968 por São Paulo VI.

Em sua palestra, Dom Aguer recordou os temas propostos na encíclica sobre o controle de natalidade e as consequências do uso de anticoncepcionais e da "generalização desse recurso".

Como exemplo, listou "a abertura de um caminho fácil e amplo à infidelidade conjugal e à degradação da moralidade civil, dada a debilidade humana e a vulnerabilidade dos jovens neste ponto de uma inclinação precoce à experiência sexual”.

Também "o perigo de que as mulheres ficassem escravizadas sob o domínio do homem e a arma que se colocaria nas mãos das autoridades públicas despreocupadas com as exigências morais”, acrescentou.

Nesse sentido, Dom Aguer assinalou que "a intervenção do Estado nos últimos cinquenta anos se revelou fatal em todo o mundo, incluindo na Argentina, sobretudo desde 1983”.

"Por exemplo, as campanhas de educação sexual são, na verdade, campanhas de perversão" transformadas "em direitos protegidos pelas leis iniquas, contrárias não apenas à lei divina, mas também à natural, a ratio da natureza humana”.

"A legalização do casamento igualitário; a prática de produção de bebês de proveta mediante a doação de esperma e aluguel de ‘barrigas’; a distribuição de preservativos em massa; a legalização total ou parcial do aborto; a propaganda sem vergonha do concubinato; e a fornicação através dos meios de comunicação, que entre nós, apresentam simpaticamente as relações provisórias dos famosos, atletas e políticos”, alertou.

Durante sua reflexão, o Arcebispo Emérito de La Plata recordou o psicanalista Sigmund Freud, que apresentou uma série de “desvios sexuais”.

“O onanismo se soma a outros ismos e filias: exibicionismo, voyeurismo, fetichismo, sodomia, estupro, incesto, sadismo, masoquismo, coprofilia, zoofilia. (Freud) adverte que em todos estes casos o corpo se entrega como carne, não de maneira autenticamente pessoal e, por isso, os considera como comportamentos impudicos e perversos”.

Caracterizados, continuou, porque "descartam o propósito essencial da sexualidade, isto é, a procriação. E acrescenta: é perversa toda atividade sexual que, renunciando a procriação, busca o prazer como uma meta independente dela”.

Nesse sentido, disse que a encíclica, "no âmbito de uma visão integral do homem, esclarece o significado do amor conjugal, que para ser plenamente humano: é total, fiel, exclusivo e fecundo".

Dom Aguer indicou que "o argumento principal da encíclica é o respeito pela natureza e finalidade do ato conjugal, que deve estar aberto à transmissão da vida, já que o seu significado é duplo: unitivo e procriativo, colocados ontologicamente por Deus criador na natureza da sexualidade humana”.

O Prelado recordou que "a encíclica de Paulo VI não foi aceita por amplos setores da Igreja, em momentos nos quais a crise de fé e de obediência se agravavam”. Em suas catequeses, o Pontífice falou muito sobre isso e “procurou remediá-la com sábias iniciativas pastorais”.   

"Paulo VI teve que suportar pressões constantes para se pronunciar em sentido contrário à tradição", assinalou.

Assim, o documento sofreu rejeição de "teólogos, sacerdotes e bispos, desencadeando a crítica devastadora dos fundamentos da teologia moral. Muitos pastores desviaram os fiéis da autêntica verdade católica sobre o matrimônio e, deste modo, os induziram a adotar uma concepção da vida cristã evitando o caminho estreito da cruz e desconfiando da graça, que torna aquilo que é mais árduo possível”, explicou.

No entanto, afirmou, São Paulo VI "não quis agradar os homens, mas ser fiel ao ministério petrino e à responsabilidade que isso implica. O resultado é um texto conciso, cuidadosamente argumentado e definitivo, cuja conta e publicação não teria sido possível sem a ajuda especial do Espírito Santo. Em algo tão delicado e íntimo para a vida dos cristãos, a Igreja não podia errar”.

Também participaram da palestra "Humanae Vitae: a atualidade de um documento esquecido” o Bispo de San Luis, Dom Pedro Martinez , assim como sacerdotes, religiosas, universitários e referências de instituições pró-vida e pró-família.

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