A doutora Karin Öberg, astrofísica católica da Universidade de Harvard, analisou a possibilidade da existência de vida extraterrestre, em um evento que reuniu mais de 70 acadêmicos e especialistas dos Estados Unidos.

A conferência de três dias foi organizada pelo Thomistic Institute e pela Sociedade de Cientistas Católicos, e reuniu especialistas de Harvard, Princeton, Yale, Chicago e do prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT). As palestras foram sobre neurociência, física, cosmologia, biologia e filosofia.

Em sua palestra, Öberg falou sobre os exoplanetas – aqueles que estão fora do Sistema Solar – e a possibilidade de vida extraterrestre.

Segundo informações da CNA – agência em inglês do Grupo ACI –, a também cofundadora da Sociedade de Cientistas Católicos disse que “a grande descoberta científica dos últimos 10 ou 20 anos é o achado de que os planetas são muito comuns em torno de outras estrelas”.

Isso significa, explicou a especialista, que “cada estrela que vemos no céu é o seu próprio sistema solar, então isso causa uma mudança na cosmologia em que vivemos”. Isso obviamente provoca a seguinte pergunta: “Existem sistemas com vida como a Terra?”.

Em declarações à CNA, a astrofísica disse que seria “muito interessante” descobrir inclusive vida não racional, porque isso “nos ensinaria algo sobre o fato de como se transforma da matéria inanimada à animada, que atualmente se entente muito pouco”.

“Acho que, do ponto de vista espiritual, o que emociona as pessoas é a possibilidade de outros seres inteligentes que potencialmente poderiam viver em um destes mundos”, acrescentou.

Öberg indicou que, “deste modo, entram em um dos mais controversos e emocionantes pontos de encontro da pesquisa científica sobre se pode ou não existir vida inteligente extraterrestre e o que podemos deduzir das Escrituras ou dos ensinamentos da Igreja sobre a possibilidade da sua existência. Que tipo de extraterrestres seria compatível com a interpretação das Sagradas Escrituras?”.

Os estudos de Oberg pretendem descobrir como a química e a física interagem durante a formação das estrelas e dos planetas para modelar as composições orgânicas dos planetas nascentes.

Por outro lado, o diretor do Thomistic Institute, Pe. Dominic Legge, comentou que “a perspectiva típica contemporânea assume que existe uma grande tensão entre a ciência e a fé. Na nossa perspectiva, isso é uma ilusão. Não há conflito, mas se requer um trabalho cuidadoso em algumas destas questões”.

O tema da possibilidade de vida extraterrestre não é novo entre os católicos. Em 2012, o então diretor do Observatório Astronômico do Vaticano, o jesuíta argentino José Gabriel Funes, afirmou que, embora haja uma grande probabilidade de que exista vida fora da Terra, isso não muda a visão cristã do universo. “Não vejo nenhuma dificuldade para a fé católica”, explicou.

Funes disse, então, ao Grupo ACI que, se há vida extraterrestre, “nós, católicos não precisamos mudar a nossa visão do universo”, pois “Deus, em sua liberdade, poderia ter criado outras criaturas também inteligentes e que podem fazer parte da criação”.

Segundo Pe. Funes, estes seres “poderiam se relacionar com Deus, assim como nós” e a existência deles não se oporia à existência de Jesus Cristo.

O sacerdote explicou que tudo isso pode ser uma probabilidade. Considerando que o universo é formado por cem bilhões de galáxias e, “se dividirmos as galáxias pela população mundial, a cada pessoa teria 14 galáxias, cada uma destas galáxias são formadas por cem bilhões de estrelas”.

É possível, então, “que cada uma destas estrelas tenha planetas que giram em torno de outras estrelas, como fazem ao redor do sol. E, portanto, seria possível a existência de vida no universo”.

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