O motu proprio Traditionis custodes do papa Francisco é um texto "teologicamente incoerente, pastoralmente divisivo, desnecessário" e "cruel", escreveu George Weigel, biógrafo do papa João Paulo II em ums ensaio publicado na revista americana First Things.

Weigel, membro do Centro de estudos sobre Ética e Políticas Públicas nos Estados Unidos, inicia seu ensaio porfessando seu credo no Novus Ordo, o rito aprovado por Paulo VI. "Não concordo que o Missal Romano promulgado pelo Papa Pio V em 1570 sepultou o rito romano num ‘âmbar’ eclesial perpétuo".

Além disso, "acho ridícula a sugestão de alguns tradicionalistas litúrgicos de que a sobrevivência do catolicismo exige a restauração das antigas orações ao pé do altar, das antigas orações do ofertório e do antigo Último Evangelho: que é também como eu vejo as alegações de que a constituição litúrgica do Concílio e sua imediata implementação foram o resultado de uma cabala de maçons, comunistas e clérigos homossexuais", disse Weigel.

Ele então descreve o motu próprio Traditionis custodes do papa Francisco como “um exemplo lamentável do bullying liberal que se tornou muito comum em Roma ultimamente".

Weigel argumenta que "em muitas paróquias americanas onde a Forma Extraordinária foi oferecida, bem como a Forma Ordinária, a unidade da Igreja não foi prejudicada. O fato de que alguns proponentes do Rito Extraordinário se acham o único remanescente fiel de uma Igreja em decadência é certamente verdade, e sua presença on-line é tão abundante que chega a ser deprimentemente”.

Weigel chama de “calúnia empiricamente insustentável” sugerir, como faz a Traditionis custodes, que esse “complexo de superioridade divisória” seja “o novo normal para aqueles que desejam participar das missas celebradas com o Missal de 1962”. “Os julgamentos de Roma não deveriam se basear na histeria e na bufoneria da blogosfera católica", disse.

“O progressismo católico tem se caracterizado por uma marca autoritária - uma tendência ao bullying e à intimidação que certamente transparece impaciência e pode sugerir uma falta de confiança em suas propostas e argumentos”, acrescenta Weigel. “No presente pontificado, isso levou a uma noção extrema de autoridade papal que pode fazer corar o Papa Pio IX", o papa que convocou o Concílio Vaticano I, que declarou a infalibilidade papal.

Weigel conclui o ensaio afirmando que a publicação do motu próprio e sua imediata aplicação “não causaram uma boa impressão na Igreja no mundo”. “Esse evento terá um efeito marcante nas próximas eleições papais".

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