O fundador da Comunidade Católica Shalom, Moysés Azevedo, deu um testemunho durante o Congresso Eucarístico Internacional, em Budapeste, Hungria, na quarta-feira, 8 de agosto. Na ocasião, contou como a eucaristia se tornou “fonte e centro” da comunidade, que nasceu diante do altar, no X Congresso Eucarístico Nacional em 1980, em Fortaleza (CE).

Moysés recordou que o então arcebispo de Fortaleza, cardeal Aloísio Lorscheider, lhe pediu que na missa com o papa São João Paulo II, oferecesse algo ao pontífice no momento do ofertório, “em nome de todos os jovens” da cidade. Ao perguntar ao arcebispo o que deveria dar ao papa, este lhe disse que ele mesmo deveria escolher, o que o deixou “perplexo”.

“O que um jovem de apenas 20 anos poderia dar ao papa? Na oração, a inspiração que Deus me dava era muito clara. Na minha juventude, havia sido tocado pelo poder do amor de Deus, que tinha mudado minha vida por completo. Era hora de dar gratuitamente o que eu também tinha recebido gratuitamente. Não poderia ter dado outro presente a Jesus Cristo, ao Santo Padre e à Igreja que não oferecer a minha vida e a minha juventude pela evangelização dos jovens e de todos os homens e mulheres, filhos de Cristo e da Igreja”, disse.

Moysés disse que em seu coração havia apenas uma coisa: “queria responder com a oferta da minha vida ao chamado de Deus em meu coração e à humanidade que geme e sofre esperando a manifestação dos filhos de Deus. Queria oferecer a minha vida e minha juventude para evangelizar com audácia e criatividade”. Então, “daquela experiência decisiva de oferta da minha vida aos pés do sucessor de Pedro, em frente ao altar eucarístico” nasceu a comunidade Shalom.

Em seguida, “o desejo de abraçar esse compromisso que meu jovem coração fez com Deus me levou a buscar a melhor maneira para evangelizar”. Foi então que, “através da oração”, teve a inspiração “que parecia um pouco louca”, criar uma lanchonete para evangelizar. Junto com outros jovens, começou a preparar o local, “um verdadeiro espaço missionário em que os jovens pudessem ter um encontro pessoal com Jesus Cristo e entrar nessa mesma dinâmica de oferta de suas vidas”.

Esta lanchonete se tornou “em instrumento de evangelização, caracterizada pela alegria, a criatividade, a parresia. Quando os jovens chegavam eram recebidos por nós, jovens como eles, dispostos a servir com alegria, buscando estar disponíveis para escutar suas alegrias e suas dores”. Segundo Moysés, naquele local “sempre havia a oportunidade para dar o testemunho da alegria que a pessoa de Jesus e seu evangelho” tinham realizado em suas vidas. “Éramos jovens como eles. A única diferença era que, sem nenhum mérito de nossa parte, havíamos descoberto que a felicidade tinha um nome, um rosto, era uma pessoa vida, Jesus Cristo”, disse.

O fundador da Shalom afirmou que “era impressionante” como as conversas iniciadas na mesa da lanchonete terminavam “em um momento de oração em frente ao Pão vivo da Eucaristia que sempre estava exposto na capela que estava discretamente ao lado da lanchonete”. Ali, disse, “muitos jovens fizeram sua experiência com a pessoa viva de Jesus Cristo e com a Igreja, como família de seus discípulos que caminham neste mundo”.

Muitos desses jovens que “tiveram sua experiência pessoal com o amor de Deus” expressaram a Moysés o desejo de também doar suas vidas, “dar gratuitamente” o que tinham recebido. Assim, a obra Shalom foi crescendo, “com jovens que evangelizam outros jovens, pessoas que diariamente buscam, na oração e no acompanhamento espiritual, um autêntico protagonismo dos jovens no anúncio de Cristo e sua Palavra”. “Tudo isso tendo como fonte e centro a Eucaristia”, declarou.

Para Moysés Azevedo, “cada geração necessita ser evangelizada. Certamente as famílias, as instituições educativas e as paróquias são cada vez importantes para a transmissão da fé. Mas, não se pode pensar que os meios tradicionais por si só são suficientes para uma nova geração e uma mudança de época, como o que estamos vivendo”. Recordou, então, que São Paulo VI afirmava que “os jovens devem ser apóstolos de outros jovens” e que o papa Francisco afirma que os jovens são o hoje da Igreja.

Segundo ele, uma das características da comunidade Shalom é saber que “é necessário construir algo com eles [os jovens] e tê-los como protagonista da missão”. “Quem conhece melhor o coração de um jovem, suas dores, suas esperanças, do que outro jovem?”, questionou. Por isso, Moysés afirmou que, “quanto mais vivida e alimentada a força” da experiência com Deus, “o jovem se torna um missionário que conhecer melhor do que ninguém o coração de outro jovem para fazê-lo acessível ao dom do Espírito”.

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