Agentes do FBI invadiram a casa de Mark Houck, católico pró-vida e pai de sete filhos, e o prenderam na manhã de sexta-feira (23). Ele é acusado de empurrar um ativista pró-aborto que fazia comentários inapropriados a seu filho de 12 anos.

Agora, em meio aos protestos, o FBI questionou as versões públicas que circulam sobre a prisão de Houck, de 48 anos, e que aconteceu na frente de sua mulher e filhos.

 

Ryan-Marie Houck, mulher de Houck, disse à CNA, agência em inglês do grupo ACI, que um grande contingente de agentes federais chegou de manhã cedo à casa da família em Kintnersville, Bucks County, Pensilvânia, EUA.

“Uma equipe SWAT – a equipe de operações táticas do FBI – de cerca de 25 [membros] veio à minha casa com cerca de 15 veículos e começou a bater na nossa porta”, disse ela. “Eles disseram que entrariam se eu não abrisse. E então eles tinham cerca de cinco armas apontadas para meu marido, para mim e praticamente para meus filhos".

Na segunda-feira (26), o FBI contestou sua versão. O escritório na Filadélfia divulgou um comunicado dizendo que "alegações imprecisas estão sendo feitas sobre a prisão de Mark Houck".

“Nenhuma equipe da SWAT ou operadores da SWAT estavam envolvidos. Agentes do FBI bateram na porta da frente do sr. Houck, identificaram-se como agentes do FBI e pediram que ele deixasse a residência. Ele fez isso e foi levado sob custódia sem incidentes de acordo com uma acusação”, diz o comunicado.

Um porta-voz do FBI se recusou a responder às perguntas da CNA sobre o número de policiais no local e se alguém apontou armas para a família.

O comunicado do FBI diz que “há um grande planejamento antes do serviço de qualquer ordem federal. Depois, o FBI emprega o pessoal e táticas consideradas necessárias para efetuar uma prisão ou busca segura”.

“Embora seja prática padrão do FBI não discutir esses detalhes operacionais, podemos dizer que o número de funcionários e veículos amplamente relatados no local na sexta-feira é um exagero, e as táticas usadas pelo pessoal do FBI foram profissionais, de acordo com as práticas padrão e com a intenção de garantir a segurança de todos os presentes dentro e fora da residência”, conclui o comunicado.

Brian Middleton, que era porta-voz da família Houck, respondeu ao comunicado do FBI.

“Estão transformando isso numa conversa técnica sobre a representação de uma mulher que foi acordada na manhã de sexta-feira por um grupo de agentes do FBI armados com armas automáticas, alguns deles usando coletes à prova de balas… apontando armas automáticas para ela e para o seu marido quando chegaram na frente de seus filhos”, disse Middleton à CNA.

"Isso é um absurdo. Se eles não vão nos dizer o número, o que eles estão tentando é fazer parecer que os Houcks não estão dizendo a verdade", disse ele. "Isso não é um concurso de matemática. A questão é força excessiva ao crime de talvez empurrar outra pessoa”.

Middleton disse que o publicitário Tom Ciesieka assumirá o papel de porta-voz da família.

Mark Houck, fundador e copresidente de um apostolado de formação espiritual para homens chamado The King's Men, pode pegar até 11 anos de prisão se for condenado por violar a lei federal de liberdade de acesso às entradas das clínicas, popularmente conhecida como a Lei FACE.

A lei traz penalidades severas para aqueles que se envolvem em "conduta violenta, ameaçadora, prejudicial e obstrutiva destinada a ferir, intimidar ou interferir no direito de procurar, obter ou fornecer serviços de saúde reprodutiva", segundo o Departamento de Justiça.

Uma acusação federal acusa Houck de agredir duas vezes um membro de Planned Parenthood encarregado de acompanhar os clientes, identificado no documento como "B.L.", em frente a uma clínica de aborto na Filadélfia, em 23 de outubro de 2021.

Houck costuma rezar o terço, distribuir material de leitura e "dar alguns conselhos na calçada" do lado de fora da clínica, disse sua mulher à CNA.

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Mark Houck diz que empurrou o membro da clínica para longe de seu filho de 12 anos porque estava assediando verbalmente o menino, disse Middleton à CNA.

O homem caiu, mas não ficou gravemente ferido, disse Middleton, precisando apenas de "um curativo no dedo".

Middleton disse que depois que as autoridades locais se recusaram a apresentar queixa, o membro da clínica o fez no tribunal municipal da Filadélfia, mas o caso foi arquivado porque o homem não compareceu nas datas marcadas pelo tribunal.

Na tarde de segunda-feira (26), uma campanha online de arrecadação de fundos para a família Houck arrecadou mais de US$ 191 mil dólares (cerca de R$ 987 mil).

Defendido pela Thomas More Society

O escritório de advocacia sem fins lucrativos Thomas More Society assumiu a defesa de Houck. Um comunicado divulgado na segunda-feira (26) diz que brigas individuais como a que envolve o pai pró-vida não estão incluídas na Lei FACE.

A defesa de Houck citou a decisão em um caso semelhante que venceu em junho de 2019.

“Este caso é apresentado apenas para intimidar pessoas de fé e americanos pró-vida”, disse Peter Breen, vice-presidente e conselheiro sênior da Thomas More Society. "Mark Houck é inocente dessas acusações ilegais e pretendemos provar isso no tribunal", acrescentou.

O escritório de advocacia disse que informou ao Departamento de Justiça em junho que, se Houck fosse acusado, ele se entregaria.

Em vez de aceitar a oferta de Mark Houck de comparecer voluntariamente, o Departamento de Justiça de Biden optou por fazer uma demonstração desnecessária de força potencialmente letal, enviando agentes federais fortemente armados para a casa de Houck na manhã de sexta-feira (23).

“De forma ameaçadora, depois de quase arrombar a porta da frente da família, pelo menos cinco policiais apontaram suas armas para a cabeça de Mark e o prenderam na frente de sua mulher e sete filhos pequenos, que estavam apavorados com a possibilidade de matarem a tiros o marido e pai diante de seus olhos”, disse.

Os relatos de como Houck foi preso geraram fortes críticas de legisladores republicanos, incluindo o senador Ted Cruz, do Texas, e o senador Josh Hawley, do Missouri.

“Quero ouvir diretamente de Merrick Garland por que o DOJ de Biden está prendendo manifestantes católicos como terroristas, usando táticas no estilo da SWAT, enquanto deixa impunes atos terroristas reais como bombas incendiárias”, escreveu Hawley num tuíte.

William Donohue, presidente da Liga Católica, escreveu uma carta ao senador republicano Chuck Grassley, de Iowa, um membro de alto escalão do Comitê Judiciário, pedindo que "chegue ao fundo dessa duplicidade".

“Não estou em posição de julgar a veracidade do relato feito pelo FBI ou Houck. Mas com certeza parece que o FBI exagerou ao lidar com esse assunto. Houck tinha sete filhos em casa quando a equipe da SWAT bateu em sua porta, apareceu totalmente blindada e gritou para ele abrir a porta”, escreveu Donohue.

“Esse tipo de reação exagerada a uma pequena violação da lei é profundamente preocupante e se torna ainda mais preocupante quando combinado com a reação insuficiente do Departamento de Justiça quando se aponta ao lado pró-vida”, disse ele na carta.

Donohue escreveu ao procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, em junho, pedindo-lhe que “implantasse imediatamente todos os recursos do Departamento de Justiça para prender e processar terroristas domésticos que recentemente atacaram católicos, vandalizaram igrejas católicas e incendiaram centros católicos operado por católicos”.

“Não apenas não recebi uma resposta do procurador-geral, como não houve notícias de equipes da SWAT invadindo as casas de terroristas que defendem o direito ao aborto”, disse Donohue na carta a Grassley.

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