As companhias multimilionárias Disney e Netflix ameaçaram não filmar mais conteúdo e se retirar do estado da Geórgia (Estados Unidos) caso a nova lei que penaliza o aborto após a detecção do batimento cardíaco fetal entre em vigor.

O governador da Geórgia, Brian Kemp, assinou a lei em 7 de maio, mas entrará em vigor somente em 1º de janeiro do próximo ano. No entanto, espera-se que os promotores do aborto recorram a alguma medida legal para tentar impedi-la.

A Lei de "Justiça e Igualdade para Crianças Vivas" LIFE (Vida, na sigla em inglês) permite o aborto apenas até a 6ª semana de gestação. Atualmente, o aborto é legal na Geórgia até a 20ª semana.

Na quarta-feira, 29 de maio de 2019, o CEO da Disney, Robert Iger, disse à Reuters que provavelmente parará de filmar na Geórgia se a proibição do aborto se tornar efetiva.

"Acho que muitas pessoas que trabalham para nós não vão querer trabalhar lá e teremos que prestar atenção aos seus desejos nesse sentido. Não vejo como pode ser prático para nós continuarmos filmando lá", disse Iger, e depois assegurou que está observando "com muito cuidado" o desenvolvimento desta batalha legal.

Na Geórgia, foram filmados alguns filmes como "Black Panther" e "Avengers: Endgame" ou a série "Stranger Things".

Um dia antes, a Netflix, gigante do streaming, também anunciou que poderia se retirar do estado caso a lei pró-vida prevalecesse.

"Como a legislação ainda não foi implementada, continuaremos filmando lá, ao mesmo tempo em que apoiaremos parceiros e artistas que optarem por não fazê-lo. Caso entre em vigor, reconsideraríamos todo o nosso investimento na Geórgia", disse o diretor de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, na terça-feira, 28 de maio.

"Temos muitas mulheres trabalhando em produções na Geórgia, cujos direitos, juntamente com outros milhões, estarão severamente restringidos por esta lei", acrescentou.

Até agora, vários atores de Hollywood como Alyssa Milano ou Mark Hamill planejam boicotar a nova lei. Por outro lado, apenas alguns pequenos projetos de cinema e televisão pararam de funcionar.

Outras empresas poderosas também se opuseram à medida pró-vida, incluindo a Amazon e a Coca Cola Company, segundo The Atlanta Business Chronicle.

A Geórgia é um dos oito estados a aprovar leis em favor da vida em 2019. Espera-se que o Supremo Tribunal dos Estados Unidos decida no futuro anular a sentença do caso Roe vs. Wade, que em 1973 legalizou o aborto no país.

Críticas a Netflix e Disney

Em declarações ao Grupo ACI, o renomado cientista político argentino e líder pró-vida, Agustín Laje, assinalou que as ameaças de Netflix e Disney evidenciam o que se tem alertado há muito tempo, "que o aborto é sustentado e promovido corporativamente" pela "corporação cultural global", que define "a cultura válida em nossas sociedades".

Laje alertou que as corporações culturais globais como Disney ou Netflix costumam cumprir seus objetivos seja como for.

O cientista político também postula que "a cada dia fica mais claro que o aborto e a ideologia de gênero não constituem uma revolução".

"As revoluções são modificações radicais da ordem social que se desenvolvem de baixo para cima. Netflix e Disney, para não mencionar a ONU, OEA, IPPF, Rockefeller Foundation, etc., estão em baixo ou em cima? Desde sempre, em cima. E quando as mudanças vêm de cima para baixo, não só não são democráticas, como também supõem uma engenharia social e cultural, que é o que estamos experimentando atualmente", acrescentou.

Leonardo García, presidente da União Nacional dos Pais de Família (UNPF) do México, também comentou sobre a decisão das empresas norte-americanas.

O líder pró-família indicou que a "pressão" exercida para que a Geórgia "regresse a um modelo que permita o assassinato dos nascituros" demonstra "que estão muito chateados" e "que querem usar seu poder para forçar o Estado a mudar a sua forma pensar".

Desta forma, explicou, demonstra-se que existe "uma estratégia internacional de pressão para impor o aborto" em todo o mundo.

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"Para nós, como União Nacional dos Pais de Família, é algo grave que o fator dinheiro seja o que decida se há ou não há liberdade. Por um lado, para legislar de acordo com a consciência, os valores e as crenças de um povo. Por outro lado, para impedir a liberdade de expressão", lamentou García.

Neste contexto, qualificou as ações de empresas como a Netflix de “chantagem”.

García teme que a questão da Geórgia seja transferida para o México e que, consequentemente, "o poder econômico comece a pressionar os deputados locais, os governadores ou o presidente da República, dizendo que vão tirar o investimento caso não legalizem o aborto ou o proíbam em alguns estados".

"Isso é muito mais grave do que qualquer tentativa de distorção da política mexicana ou da política econômica, porque parece que a soberania de um povo, neste caso de um Estado, deve estar subordinada ao totalitarismo, à ditadura de uma posição ideológica que muitos mexicanos não compartilhamos", acrescentou.

Finalmente, o líder da UNPF assegurou que os pais de família estariam dispostos a montar uma campanha contra qualquer empresa que promova "antivalores".

A elaboração desta matéria contou com a colaboração de David Ramos

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