O bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, estaria numa cela de segurança máxima numa prisão da Nicarágua, depois de ter sido condenado a 26 anos e 4 meses de prisão.

Segundo o site nicaraguense Confidencial, fontes ligadas à Igreja dizem que desde quinta-feira (9), dom Rolando Álvarez "está sozinho numa cela de segurança máxima no presídio Modelo".

As mesmas fontes dizem que dom Álvarez está "muito sereno, cheio de Deus, consciente e firme na decisão que tomou" quando recusou ser deportado para os EUA na semana passada com 222 outros presos políticos, incluindo alguns padres e seminaristas.

Segundo as fontes citadas por Confidencial, as autoridades do presídio Modelo no município de Tipitapa, em Manágua, permitiram que o bispo recebesse artigos de higiene pessoal.

Na sexta-feira (10), dom Rolando Álvarez Lagos foi condenado a 26 anos e 4 meses de prisão, acusado de ser um "traidor da pátria".

A sentença contra o bispo, que também foi destituído da sua nacionalidade nicaraguense, ocorreu apenas um dia após a deportação de 222 prisioneiros políticos.

A advogada e pesquisadora nicaraguense Martha Patricia Molina disse ao jornal National Catholic Register, da EWTN, grupo de comunicação católico ao qual pertence ACI Digital, que dom Álvarez decidiu ficar para não "abandonar o resto dos padres na sua jurisdição que estão sofrendo assédio, perseguição e ameaças".

"Ele preferiu ficar e cumprir a sua missão de continuar levantando a sua voz profética à luz do Evangelho e da verdade", disse.

Molina também disse que "ninguém que esteja preso nas prisões nicaraguenses, onde são praticados mais de 40 mecanismos de tortura, tratamento cruel, desumano, pode estar bem de saúde".

"Como ele (dom Álvarez) é uma voz que denuncia as violações do governo, torna-se o alvo perfeito para eles, para lhe causar o maior dano possível e assim silenciar a sua voz", disse Molina.

A advogada também disse que Álvarez "não recebeu visitas, embora a CEN (Conferência Episcopal da Nicarágua) esteja conversando com a ditadura para conseguir vê-lo".

Embora a lei permita aos prisioneiros professar a sua religião, na prática "são impedidos de o fazer e nem sequer lhes é fornecida uma bíblia ou os seus livros de orações. Ele também não poderá celebrar a eucaristia: a tortura está sempre presente no sistema penitenciário do país", disse Molina.

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