A empresa italiana fabricante de armas Pietro Beretta desmentiu que o Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como o Banco do Vaticano, seja um dos seus acionistas e qualificou de "engano" o rumor que circulou a respeito durante os últimos meses na Internet.

Em comunicação com o grupo ACI no dia 1 de agosto, através da rede social Twitter, um representante da divisão americana da empresa Beretta lembrou que esta empresa já respondeu ao boato em um comunicado em italiano, onde "negou a intriga, provendo a lista de acionistas".

Em efeito, o comunicado datado em fevereiro deste ano, assinado por Luisa Achino, responsável pelas Relações Públicas e Comunicações da Fábrica d'Armi Pietro Beretta, que o funcionário americano remeteu ao grupo ACI, indica que "em relação aos informes difundidos nos últimos dias a respeito da composição da Beretta Holding, a empresa nega firmemente que o IOR ou empresas relacionadas com ele sejam parte dos acionistas da companhia ou suas subsidiárias".

"Beretta Holding, que controla um grupo de empresas, principalmente ativas no esporte, na caça e na recreação, é uma empresa propriedade da família durante 15 gerações", escreveu Achino.

O grupo ACI também entrou em contato com José Rodríguez Nuñez, autor do escrito "O Vaticano, o Maior Traficante de Armas do Mundo?", na página web nistido.com, de onde outros blogs e meios de comunicação em espanhol copiaram a informação, e lhe consultou sobre as fontes que usou para sustentar sua acusação.

Rodríguez Nuñez respondeu diretamente que "não é acusação como se pensa, tudo está escrito aí e as fontes estão ao final no post".

No seu texto, o blogueiro escreveu que (sic) "talvez poucas pessoas saibam que a fábrica de armas Pietro Beretta Ltda. (a maior indústria de armamentos no mundo) e que é controlada pelo Holding SpA Beretta e pelo acionista majoritário da Beretta Holding SpA depois do Gussalli Ugo Beretta, é o IOR (Instituto para as Obras de Religião [usualmente conhecido como Banco do Vaticano]) instituição privada, fundada em 1942 pelo Papa Pio XII e com sede na Cidade do Vaticano".

Ao final do seu post, só consigna um link a outro site que contém mais mentiras sobre a Igreja, mas não faz menção alguma à suposta relação entre o Vaticano e a fábrica de armas Pietro Beretta.

Outro recurso utilizado por diversos meios anticlericais para vincular à Igreja Católica com o comércio de armas, e com a que Rodríguez Núñez ilustrou seu post, é uma fotografia do Arcebispo Emérito de Varsovia, Cardeal Józef Glemp, segurando um rifle Dragunov SVD, de fabricação soviética.

A fotografia foi tomada durante uma visita do Cardeal Glemp ao museu americano da Guerra Fria.

Ao responder no Twitter a outras pessoas que acusavam a suposta relação entre a Beretta e o Vaticano, o representante americano da fábrica de armas lhes pediu que mostrem fontes e provas, e lhes exortou a que "não acreditem em tudo o que leem".