O padre Pedro Paulo Alexandre, exorcista da arquidiocese de Florianópolis (SC), participou do Curso de Exorcismo e Oração de Libertação, que aconteceu em Roma, Itália, de 25 a 30 de outubro. Para o sacerdote, que acompanhou o curso de modo virtual, foi um “sinal da Providência de Deus” para um “tempo de duras provas”. “Cada vez mais vejo o quanto esse curso é importante e fundamental no processo formativo dos sacerdotes, e dos fiéis leigos”, disse o padre à ACI Digital.

Segundo o padre, o crescimento no número de ações extraordiárias do demônio, as que vão além da tentação, “se deve principalmente ao fato de muitos cristãos já não viverem mais em estado de graça. A Igreja sempre ensinou, e o demônio sabe muito bem, que se uma pessoa terminar a sua vida neste mundo em pecado mortal terminará no inferno”. O exorcista lamentou que “muitos católicos já não se dão conta de que nós também devemos e precisamos viver os Cinco Mandamentos da Igreja, pois Nosso Senhor disse aos apóstolos: ‘Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita’”.

O curso foi organizado pelo Ateneu Pontifício Regina Apostolorum (APRA) de Roma, pelo Instituto Sacerdos e pelo Grupo de Pesquisa e Informação Sociorreligiosa (GRIS). Em sua 15ª edição, o curso foi retomado após ser suspenso em 2020 devido às medidas impostas para combater a pandemia de covid-19.

Padre Pedro Paulo, que é sócio membro da Associação Internacional de Exorcistas, contou que esta foi a terceira oportunidade em que pôde participar do curso. Nesta edição, destacou que foram abordados “pela primeira vez, de forma mais demorada, alguns temas muito solicitados pelos participantes”, entre os quais “o aumento dos ritos mágicos afro-brasileiros”.

Outros assuntos solicitados pelos participantes e abordados pela primeira vez foram, segundo padre Pedro Paulo, a presença da Virgem Maria nos exorcismos; os perigos em torno das constelações familiares, forma de terapia que vem ganhando terreno no Brasil, mas não é reconhecida nem pelo Conselho Federal de Psicologia nem pelo Conselho Federal de Medicina; a sujeição diabólica; uma abordagem preventiva e educativa de riscos e perigos no uso da internet, e outros. Além disso, “mais uma vez fomos advertidos dos riscos e perigos das práticas ligadas a New Age, as terapias holísticas”, disse o padre.

O sacerdote afirmou que “infelizmente, tem crescido muito os casos de ação extraordinária dos demônios”. Essas ações consistem em vexação, que é “ação sobre um ou mais dos sentidos externos, onde a pessoa pode ver coisas, ouvir, sentir”; obsessão, que é a “ação sobre os sentidos internos, mente, memória, imaginação”; possessão, que é a “ação sobre o corpo e a mente, levando a pessoa a crises e manifestações”; e infestação, que é “ação do demônio sobre coisas, lugares, animais”. Além dessas há a ação ordinária, que é a tentação, “a ação mais perigosa do demônio”, segundo o exorcista.

Padre Pedro Paulo lembrou um alerta do papa Francisco de janeiro de 2014 quando, “citando Pio XII, nos dizia: ‘O maior pecado de hoje é que os homens perderam o sentido do pecado’”. Segundo ele, “entre os pecados graves (mortais) que mais tem exposto as pessoas a riscos espirituais, estão as práticas proibidas nas Sagradas Escrituras: idolatria, falsas doutrinas: seitas, organizações esotéricas, grupos satânicos, etc; adivinhação, horóscopo, astrologia, fenômenos de vidência, espiritismo, evocar os mortos, consultar médiuns, cartomantes, leitura de mãos, búzios, ouija, tarô, etc.; magia, benzedeiros, curandeiros, macumba, feitiçaria, vodú, umbanda, reiki, etc.”.

Por isso, o exorcista disse ver “este curso como um sinal da providência de Deus para este tempo de duras provas que estamos vivendo. A Palavra de Deus nos diz que ‘o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio’ (1Jo 3,8b). Nós, exorcistas, cremos no poder que Nosso Senhor Jesus Cristo conferiu a Sua Santa Igreja. Não temos dúvida que Cristo com seu braço forte e poderoso continuará cuidando, protegendo e guardando os seus até o fim”.

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