Em meio de umas eleições municipais questionadas pela dissidência e que o regime afirma que são democráticas, o Movimento Cristão Liberação (MCL), denunciou que agentes do Governo detiveram na sexta-feira por várias horas seu ativista Arnaldo Figueredo e lhe confiscaram as assinaturas que reunia em Holguín (Cuba), para impulsionar O Caminho do Povo (em espanhol, El Camino del Pueblo), projeto promovido pela oposição para obter a transição da ilha à democracia.

Figueredo "estava indo para a minha casa em Holguín e estava com algumas assinaturas do Projeto Heredia e do Caminho do Povo. Foi seguido pelo oficial de Segurança do Estado conhecido como ‘Velasquito’, que estava acompanhado por um agente uniformizado da Polícia Nacional Revolucionária, detido e conduzido até a unidade municipal" onde lhe tiraram os papéis com as assinaturas, informou ao grupo ACI Juan Carlos Reyes Ocaña, delegado do MCL nesta província cubana.

Assinalou que embora não tenha sido golpeado no momento da detenção, dentro da delegacia vários policiais "o agarraram, puseram-no contra a parede e o interrogaram de uma forma um pouco violenta".

Reyes Ocaña, que se confessou católico, denunciou que a repressão em Cuba está crescendo contra os membros do MCL e de outros grupos dissidentes como As Damas de Branco (em espanhol, Las Damas de Blanco), "não as permitem ir à Missa Dominical".

"À medida que o povo vai tomando consciência e vai se libertando pessoalmente com estes mesmos projetos, com estas mesmas petições cidadãs que são capazes de assinar, então o Governo, ao ver que sua mentira, que seu regime de terror vai desmoronando, faz o único que sabe fazer: exercer a violência", assinalou.

Nesse sentido, revelou também ter sido vítima da violência do Governo e receber ameaças pelo seu ativismo no MCL. Entretanto, afirmou que seu desejo de que em Cuba os Direitos Humanos sejam respeitados e o exemplo de Oswaldo Payá o impulsam a seguir em frente.

Reyes Ocaña assinalou que o mecanismo que o MCL segue para impulsionar iniciativas cidadãs como o Projeto Heredia (chamado também Projeto de lei de Reencontro Nacional), e O Caminho do Povo, através do recolhimento de assinaturas, está respaldado "na mesma Constituição de Cuba. Entretanto nos perseguem por exercer este nosso direito que temos todos os cubanos". Afirmou que apesar da repressão, mais pessoas se animam a assinar ambos os documentos para solicitar mudanças democráticas na ilha.

O Caminho do Povo é uma iniciativa na qual participam mais de 70 organizações e mais de 1.200 pessoas. Em sua página no Facebook, o MCL indicou que "a maioria das assinaturas são de dentro de Cuba, onde os assinantes e os que recolhem as assinaturas são ameaçados, presos , lhes tiram as assinaturas ou inclusive 'morrem' enquanto estão recolhendo-as".

Entre seus objetivos, esta iniciativa busca promover em Cuba leis que reconheçam a liberdade de expressão, associação, trânsito, o direito dos cubanos a escolher e ser escolhidos, e que se convoque a um Plebiscito e a um Diálogo Nacional.