A Conferência Canadense de Bispos Católicos (CCCB, na sigla em inglês) convidou o papa Francisco a visitar o país "no contexto do longo processo pastoral de reconciliação com os povos indígenas". Segundo comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, o papa " expressou sua disposição de viajar ao país em uma data a ser determinada posteriormente".

O “processo pastoral de reconciliação” a que a CCCB se refere ao escândalo da descoberta de centenas de restos mortais de crianças indígenas em escolas canadenses durante os séculos XIX e XX. Em 22 de maio de 2021 sepulturas não identificadas contendo os restos mortais de 215 crianças indígenas foram achadas na Escola Residencial Indígena Kamloops no território da Primeira Nação K'emplús te Secwépemc, na província de British Columbia. Fundada pelo governo canadense, ela foi administrada pelos Oblatos de Maria Imaculada de 1892 a 1969, quando foi devolvida ao governo canadense.

O internato, que já foi o maior do Canadá, foi fechado em 1978. Segundo a Comissão de Verdade e Reconciliação, estabelecida e financiada pelo governo canadense como parte do acordo judicial com os nativos por causa das escolas residenciais, entre 4 mil e 6 mil alunos morreram por negligência ou como resultado de abusos nas várias escolas residenciais do Canadá, a última das quais, administrada pelo governo federal, fechou em 1996.

O governo canadense pedir que a Igreja pedisse desculpas públicas pelos fatos ocorridos em suas instalações, mas não exigiu o mesmo a outras instituições que administravam colégios onde ossadas foram achadas.

Durante a oração do Angelus no Palácio Apostólico do Vaticano, em 6 de junho, o papa Francisco falou de seu pesar pela descoberta dos restos mortais das crianças. "Uno-me aos bispos canadenses e a toda a Igreja Católica no Canadá para expressar minha proximidade com o povo canadense, que ficou traumatizado com esta notícia chocante", disse então o papa.

O papa descreveu a descoberta como "chocante" e "triste" e enfatizou que ela "aumenta nossa consciência da dor e sofrimento do passado. Que as autoridades políticas e religiosas do Canadá continuem a trabalhar em conjunto com determinação para lançar luz sobre este triste evento e se empenhem humildemente em um caminho de reconciliação e cura".

"Estes momentos difíceis são um forte apelo para que todos nós nos afastemos do modelo colonizador e até mesmo das colonizações ideológicas de hoje, e caminhemos juntos em diálogo, respeito mútuo e reconhecimento dos direitos e valores culturais de todas as filhas e filhos do Canadá”, disse Francisco.

Depois da descoberta das sepulturas, houve uma onda de incêndios criminosos em igrejas católicas e anglicanas do Canadá.

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